Um dos pigmentos mais negros conhecido pelo homem é o Vantablack, desenvolvido por uma empresa no Reino Unido e capaz de absorver 99,965% da luz que incide sobre ele. Com isto, objetos tridimensionais cobertos pela substância simplesmente “desaparecem” em uma silhueta totalmente escura, como se tivessem sido recortados da realidade.

Mas este material não é exclusividade humana. Pesquisadores descobriram nada menos que 12 espécies de peixes abissais que tem uma pigmentação tão negra que sua pele absorve 99,956% da luz que incide sobre ela, tornando-os extremamente difíceis de fotografar e praticamente invisíveis em seu hábitat natural, numa profundidade onde a luz do Sol não chega.

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Uma amostra de Vantablack, o pigmento mais negro conhecido pelo homem, aplicado sobre uma folha de papel alumínio amassada. Foto: Surrey Nanosystems.

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A bióloga marinha Karen Osborn, co-autora de um artigo sobre os animais, compartilhou sua frustração ao tentar fotografá-los. “Tentei tirar fotos destes peixes e não conseguia nada além de imagens horríveis, onde não dava pra ver detalhe nenhum”, disse. “Como é possível eu apontar duas lâmpadas estroboscópicas para eles e toda essa luz simplesmente desaparecer?”.

Segundo Alexander Davis, biólogo da Duke University, nos EUA, e autor do artigo, “não tínhamos ideia que existiam peixes ultra-negros. Até onde sabíamos, os únicos vertebrados com esta característica eram algumas espécies de aves, como algumas aves do paraíso”.

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Um “Dragão Negro do Pacífico”, um dos peixes com pigmentação tão escura que absorve mais de 99% da luz que incide sobre sua pele. Foto: Karen Osborne / Smithsonian

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Os peixes são tão escuros devido a densas camadas de melanossomos, pequenas estruturas celulares cheias de melanina, o mesmo pigmento que dá cor à pele humana. Apesar da luz do Sol não chegar aos locais onde estes peixes vivem, o ambiente não é totalmente escuro: vários animais tem bioluminescência, ou seja, produzem luz, seja para atrair presas ou se comunicar.

E onde há presas, há predadores. Cientistas acreditam que algumas espécies de peixes desenvolveram esta pigmentação ultra-negra para que possam ficar à espreita próximos a estas fontes de luz, sem ser detectados. Como um ninja vestido de preto e escondido nas sombras.

Outras espécies, que só tem esta pigmentação quando jovem, provavelmente a desenvolveram como forma de escapar de predadores. E há animais que tem um revestimento ultra-negro em seus órgãos internos, para que os animais fluorescentes que devoram não chamem a atenção.

“Você não quer nadar por aí com uma barriga brilhando, não é?”, disse Osborne. “Isso é procurar por encrenca”.

Fonte: Futurism