A Nasa descobriu em Marte um campo de areia que, com o passar dos anos, se transformou em uma rocha sólida. Apesar de sua mudança de forma, os cientistas afirmam que a preservação deste campo é uma descoberta importante e única, considerando que o mesmo seria impossível acontecer na Terra por conta de mudanças climáticas, e etc. 

De acordo com a pesquisa publicada no JGR Planets, entender como estas dunas resistiram ao teste do tempo pode oferecer uma visão mais ampla sobre os processos sedimentares no planeta vermelho, bem como revelar detalhes geológicos do corpo celeste. 

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Dunas de areia antigas que viraram rochas em Marte podem ajudar os cientistas a descobrirem mais detalhes sobre o planeta. Créditos: SquareMotion/Shutterstock

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As dunas de areia formadas recentemente em Marte, e conhecidas pelos cientistas, são notadamente parecidas com campos mais antigos. Este fato sugere que o clima e a atmosfera no planeta mudaram pouco em muito tempo. Segundo astrônomos, a orientação, comprimento, altura, forma e inclinação das dunas descobertas são extremamente parecidas com as existentes em outros locais de Marte.

“Isso indica que as principais direções do vento que são responsáveis pela forma das dunas não mudaram substancialmente com o tempo”, explica o cientista planetário, Matthew Chojnacki, do Planetary Science Institute. “Também vemos dunas de areia de tamanho e espaçamento muito semelhantes nos dois períodos. Isso pode indicar que a pressão atmosférica não foi significativamente diferente”, acrescenta.

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A descoberta

A constatação só foi possível por meio de imagens captadas pela High Resolution Imaging Science Experiment (HiRISE), super câmera que está a bordo da sonda Mars Reconnaissance Orbiter. Dados de tipografia do planeta também foram analisados, documentados e datados. Embora o quadro total sobre estas dunas ainda não esteja completo, os pesquisadores já alertam que os estudos “não pintam um quadro dramaticamente diferente do que pode ser obtido com suas contrapartes modernas”.

Com o que já foi analisado, os autores da pesquisa constataram que algumas dunas foram formadas a partir de um vento que parecia vir de um evento vulcânico catastrófico. Depois deste vento, um composto volátil entrou em contato com as dunas de areia compactadas e ajudou a endurecê-las.

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Planeta vermelho pode ter passado por evento vulcânico catastrófico que formou a dunas. Créditos: Vadim Sadovski/Shutterstock

Sobre este processo, o mesmo pode ser visto na Terra quando a água subterrânea de um terreno invade uma duna já parcialmente enterrada. “Este nível de preservação é raro para dunas de areia terrestres devido à erosão e placa tectônica em curso”, destaca Chojnacki. Mas ao contrário do nosso planeta, as dunas em Marte têm muito menos elementos com os quais lutar. “Com base nas relações do depósito de dunas com outras unidades geológicas e taxas de erosão modernas, estimamos que tenham cerca de um bilhão de anos”, conclui o cientista.

Considerando todos os resultados obtidos pela equipe até agora, a descoberta torna-se importante para entender evolução nas paisagens não só de Marte, mas até da Terra. Enquanto dunas de área desta natureza são raras em nosso planeta, Marte parece possuir “extensos campos de paleodunas espalhados pelo fundo da bacia, onde muitas formas de dunas e suas morfologias parecem amplamente intactas”.

Água e placa tectônica que constantemente remodelam a superfície da Terra não são atualmente um fator em Marte, portanto, há uma oportunidade de aprender com o registro geológico do planeta vermelho”, finalizou Chojnacki.

Fonte: Science Alert