O Pornhub está anunciando uma série de mudanças após uma investigação do The New York Times acusar o serviço de streaming de vídeos adultos de lucrar com a exploração e veiculação de conteúdo relacionado a estupros, pornografia de vingança e pedofilia.

Em um comunicado intitulado “nosso compromisso com a verdade e segurança” o serviço informa que as alterações são resultado de uma análise independente iniciada em abril deste ano, com foco em recomendações para eliminar todo o conteúdo ilegal na plataforma e estabelecer um sistema de moderação que seja o melhor em sua categoria.

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“No Pornhub, nada é mais importante que a segurança de nossa comunidade. Nossos principais valores, como inclusividade, liberdade de expressão e privacidade, só são possíveis quando os usuários confiam em nossa plataforma. É por isso que sempre nos comprometemos em eliminar conteúdo ilegal, incluindo material não-consensual e material relacionado ao abuso sexual de crianças. Toda plataforma online tem a responsabilidade moral de participar desta luta, que requer ação coletiva e vigilância constante”, diz o texto.

Grandes passos

O Pornhub afirma estar tomando “grandes passos” para proteger sua comunidade. Entre eles, permitir que apenas usuários propriamente identificados tenham permissão para enviar conteúdo e impedir o download de vídeos, com exceção de vídeos pagos enviados por atrizes e atores que participam de seu programa de “modelos verificados”.

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Com isso ela espera evitar que conteúdo ilegal que eventualmente escape da moderação seja baixado e reenviado ao site assim que for retirado do ar, evitando um jogo de “gato e rato”.

Pornhub novamente se vê acusado de lucrar com exploração sexual e pedofilia, fazendo com que operadoras de cartões lancem investigações contra a plataforma. Imagem: sestovic/iStock

Além disso, a empresa estabeleceu uma nova equipe, a “Red Team” (Equipe Vermelha) que tem como único objetivo a auditoria proativa da plataforma em busca de material potencialmente ilegal. A equipe funciona como uma “camada extra” de proteção sobre os protocolos já existentes, identificando quaisquer falhas no processo de moderação que possam permitir o upload de conteúdo que viola seus termos de serviço.

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Segundo o Pornhub, seu sistema de moderação atual inclui uma equipe de moderadores humanos que analisam manualmente cada upload, um sistema para marcar, analisar e remover material ilegal e “robustos controles para os pais”.

A plataforma também usa várias tecnologias automatizadas de detecção, desenvolvidas por empresas como o YouTube, Google, Microsoft e Vobile, para encontrar conteúdo ilegal e impedir que seja reenviado para o serviço.

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Por fim, o Pornhub destaca um programa recém-criado chamado “Trusted Flagger”, no qual mais de 40 organizações sem fins lucrativos com posição de liderança em áreas como segurança na internet e das crianças podem alertar sobre a presença de conteúdo que viola seus termos de serviço.

Acertando onde dói: no bolso do Pornhub

Após publicação do artigo do The New York Times, as administradoras de cartões de crédito Visa e Mastercard anunciaram a abertura de investigações independentes contra o Pornhub e sua proprietária, a empresa Mindgeek.

“Nós já estamos a par das acusações, e estamos ativamente conversando com as instituições financeiras relevantes para investigá-las, além de também estarmos falando diretamente com a empresa proprietária do site, a Mindgeek”, disse um porta-voz da Visa à agência de notícias Associated Press.

Similarmente, a Mastercard também afirmou que estaria investigando as informações divulgadas, confirmando que estava “trabalhando junto ao banco da Mindgeek para entender esta situação, além de outros passos já tomados”.

A empresa afirmou ao Ars Technica que “tem tolerância zero por atividades ilegais conduzidas em nossa rede”, ameaçando tomar ação imediata caso as afirmações contra o Pornhub tenham consistência.

A empresa canadense Mindgeek é dona de várias marcas conhecidas do universo adulto: além do Pornhub, lhe pertencem os sites RedTube e YouPorn; e produtoras renomadas, como Reality Kings, Brazzers, Digital Playground e Mofos, para citar algumas.

O Pornhub negou todas as acusações veiculadas na coluna, chamando-as de “irresponsáveis e flagrantemente inverídicas”, adicionando que a plataforma conduz verificações corriqueiras nos vídeos compartilhados dentro dela, removendo qualquer material ilegal.

Vale citar: a Mindgeek é membro da Associação de Sites que Advogam pela Proteção da Criança (da sigla em inglês “ASACP”), uma ONG que conta com várias empresas e personalidades de combate à pedofilia.