Filamentos de níquel alinhados e água. Esta é a composição do novo robô aquático — o primeiro deste tipo — desenvolvido por pesquisadores da Universidade Northwestern, nos EUA.
O humanoide pode andar na velocidade humana, coletar e transportar objetos, subir trajetos íngremes e até “dançar break” para se livrar de partículas indesejadas.
Inspirado em criaturas marinhas, o robô chama a atenção logo de cara por conta de sua simplicidade: uma pequena estrutura em “x”. Esqueçam os fios, controles remotos ou hardwares complexos. O robô é ativado com luz e caminha na direção de um campo magnético rotativo externo. Tudo isso debaixo d’água, é claro.
“Projetamos materiais suaves com inteligência molecular para permitir que se comportem como robôs de qualquer tamanho e desempenhem funções úteis em espaços minúsculos, subaquáticos ou subterrâneos”, afirmou Samuel I. Stupp, que liderou a pesquisa experimental.
Combinando movimentos de caminhada e direção, é possível programar sequências específicas de campos magnéticos, possibilitando deslocamentos em superfícies planas ou inclinadas do robô aquático.
O robô também foi projetado molecularmente para reconhecer e remover partículas indesejadas que possam fixar-se em sua estrutura. Após identificar o elemento, ele gira no solo (quase como um passo de break dance) até desvencilhar-se da partícula.
Ao acoplar respostas a campos magnéticos e de luz, os pesquisadores permitiram ao robô um transporte de carga curioso. O robô aquático “abraça” o elemento e rola até o destino final, onde abre novamente seus filamentos para a entrega do material.
Funcionamento do robô
O projeto do robô baseia em um trabalho anterior de Stupp para projetar uma “matéria macia robótica” que imita criaturas marinhas vivas.
Composta de 90% de água e filamentos de níquel alinhados — que são ferromagnéticos —, a estrutura macia foi projetada para responder à luz, reter ou expelir água em seu interior e encontrar a rigidez certa para responder a campos magnéticos.
Para isso, os pesquisadores utilizaram síntese química para programar as moléculas dentro do hidrogel a responderem à luz.
Quando expostas à luminosidade, as moléculas do robô tornam-se hidrofóbicas (repelindo a água). Quando a luz se apaga, elas voltam ao seu estado original.
Aplicações futuras
O projeto ainda não foi finalizado e esta pode não ser a forma final do robô aquático. Isso porque os pesquisadores acreditam que a versatilidade do robô permita a implementação de pernas, por exemplo, diversificando sua funcionalidade.
Segundo Stupp e Monica Olvera de la Cruz, condutora do trabalho teórico, a estrutura desse robô aquático deve ser adotada na criação de outros mecanismos, que podem ser utilizados em produções químicas, tecnologias sustentáveis ou como biomateriais em medicinas altamente avançadas.
![](https://img.odcdn.com.br/wp-content/uploads/2020/12/science-in-hd-FaNUdWGJqBg-unsplash-1024x681.jpg)
Novas adaptações ao modelo do robô aquático também são esperadas, ampliando ainda mais a pluralidade de suas aplicações.
“Podemos ajustá-los molecularmente para interagir uns com os outros para imitar um grupo de pássaros e bactérias na natureza ou cardumes de peixes no oceano. A versatilidade molecular da plataforma pode levar a aplicações que ainda não foram concebidas neste momento”, finalizou Stupp.
Via: TechXplore