Telas são sempre uma das partes mais importantes da CES, e em 2021, a feira concretizou uma tendência: o HDMI 2.1 deve se tornar o padrão para monitores ao longo do ano, proporcionando uma série de benefícios ao público mais exigente, incluindo jogadores e profissionais.

Fabricantes de monitores dedicaram bastante tempo para apresentar monitores compatíveis com a nova tecnologia. No caso da LG, o destaque vai para o 27GP950, um modelo gamer com suporte a até 160 Hz de taxa de atualização com resolução; já a Acer apresentou o Nitro XV28, de 28 polegadas, também com 4K e 144 Hz de taxa de atualização. A Asus também não ficou para trás com o PG32UQ, também com suporte a 4K e 144 Hz no painel de 32 polegadas.

O que todos esses produtos têm em comum é o HDMI 2.1, tecnologia que deve se tornar cada vez mais dominante nos painéis de alto desempenho, especialmente com as novas gerações de placas de vídeo e de consoles de videogame. Mas o que esse novo padrão pode oferecer?

Sem limites

A uma primeira olhada, o HDMI 2.1 não é diferente do conector que você já tem no seu monitor antigo. Os cabos também são aparentemente iguais, então… o que há de diferente?

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O que o novo HDMI faz é ampliar uma série de limites na tecnologia, permitindo um volume de dados muito maior transferido entre a fonte do conteúdo (como seu computador ou console) e a tela. Na prática, isso abre possibilidade para maior riqueza de cores, maiores taxas de atualizações e resoluções. Ou seja: tudo é melhor.

PG32UQ
PG32UQ da Asus é o primeiro a reforçar o HDMI 2.1. Foto: Divulgação/Asus

Pelo padrão atual, o HDMI 2.0, a largura de banda é de 18 gigabits por segundo. É o suficiente para imagens 4K e 60 quadros por segundo sem compressão, com 8 bits de cores, o que era bastante quando o padrão foi estabelecido, lá em 2013. Com essas especificações se tornando cada vez mais próximos do usuário comum, a indústria precisou criar novos padrões para ter mais espaço para manobra e avanços tecnológicos. Essas definições foram feitas em 2017, e só agora começam a impactar o mercado.

E é aí que entra o HDMI 2.1, que praticamente triplica a largura de banda, proporcionando um volume de dados muito maior, que se traduz em maior qualidade de imagem. O padrão abre as portas para resoluções 8K e 60 quadros por segundo sem qualquer tipo de compressão, com até 12 bits de cores.

Se essa conversa de bits parece um pouco etérea, vamos tentar trazê-la um pouco mais próxima da realidade. Cada cor que você enxerga no seu monitor é uma combinação de diferentes níveis de azul, verde e vermelho (RGB); quando você lida com cores em 8 bits, isso significa que cada uma dessas cores tem 256 (2 elevado a 8) canais: são 256 variações de azul, 256 variações de vermelho e 256 variações de verde. Isso significa que existem cerca de 16 milhões de cores possíveis fruto da combinação das três (256 x 256 x 256). Quando você amplia essa contagem de bits para 12, a diversidade de cores aumenta radicalmente. Com 12 bits, cada cor tem 4.096 canais, possibilitando muito mais combinações, capazes de produzir mais de 68 bilhões de tons (4.096 x 4.096 x 4.096).

Quando se utiliza a tecnologia de compressão, os limites do HDMI 2.1 ficam ainda mais folgados. O padrão viabilizaria a exibição de imagens em 10K com taxas de atualização de 120 Hz com 12 bits de cores.

27GP950 também trouxe HDMI 2.1 para a CES 2021. Foto: Divulgação/LG

Além desses dados facilmente verificáveis, há também uma série de outras tecnologias por baixo do HDMI 2.1 que devem melhorar a vida do usuário. Uma delas é a VRR, ou taxa de atualização variável, que funciona como o FreeSync e o G-Sync utilizado nas principais placas de vídeo no mercado para eliminar o screen tearing, um efeito que acontece quando o monitor e a origem do vídeo não estão em sincronia, causando um efeito de “quebra” na imagem, resultado da tela tentando exibir quadros que ainda não estão disponíveis. O VRR facilita essa sincronia sem precisar de software adicional, o que será útil principalmente para quem costuma jogar no console, uma vez que nos PCs as soluções da AMD e da Nvidia já funcionam bem.

Requisitos para o HDMI 2.1

Como qualquer tecnologia nova, existem várias partes necessárias para que ela possa ser aproveitada. No caso do HDMI 2.1, existem três: primeiro, o seu computador ou console precisa ser compatível, o que está acontecendo agora com o Xbox Series X, PS5 e as novas placas de vídeo.

Segundo, o seu monitor precisa estar preparado. Os equipamentos compatíveis com o HDMI 2.1 começaram a se multiplicar na CES 2021 e devem começar a chegar ao mercado ao longo do ano.

A terceira e última parte é o cabo que liga seu computador à tela, que precisa ser compatível com HDMI 2.1. Felizmente, esses fios já podem ser encontrados sem dificuldade no mercado.

Além disso, também vale apontar que o HDMI 2.1 é feito para ser retrocompatível. Ou seja: se o seu cabo for HDMI 2.0, ele vai funcionar com seu monitor novo e com sua placa de vídeo nova, assim como um monitor antigo continuará funcionando com as placas e cabos novos. No entanto, não será possível tirar proveito dos recursos do novo padrão.