O Microsoft Teams conta com uma função de produtividade – “Productivity Score”- que teoricamente permite que gestores monitorem a eficiência de seus funcionários por meio de uma pontuação relacionada ao quanto eles trabalharam.

No entanto, tal função pode ser vista por especialistas como bastante invasiva, levantando questões importantes sobre privacidade do ambiente de trabalho.

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Isso porque o recurso consegue monitorar ativamente os dados de suas videochamadas, saber quantos e-mails você enviou ou respondeu, medir seu uso de apps como o Office 365, etc. Ele também analisa quais dados você informa em seu perfil – nome completo e e-mail, celular, endereço e assim por diante.

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Microsoft Teams cria um relatório de produtividade para administradores de sistema e gestores. Imagem: Tada Images/Shutterstock

Evidentemente, esse “productivity score” não é tão invasivo quanto outras ferramentas de monitoramento existentes por aí. Em um mundo onde chefes conseguem tirar fotos de você e da sua tela por meio da webcam do seu computador, o que o Teams faz é até ameno. E a própria Microsoft vinha sendo honesta com esse monitoramento, presente nos termos de uso da plataforma.

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Uma atualização em setembro de 2020, porém, ampliou esse leque, permitindo que o Teams (e gestores) gravem quantas mensagens urgentes você enviou e para quem, a quantidade de mensagens enviadas por chats privados e, aparentemente, o motivo pelo qual você bloqueou algum outro usuário.

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Parte da lista de itens monitorados pela função de produtividade do Microsoft Teams. Imagem: ZDNet/Reprodução

Teams permite monitoramento de funcionários?

Até o momento, não é possível afirmar que a função tem sido usada por chefes para vigiar seus funcionários, mas pessoas preocupadas com o assunto já deram voz a questionamentos do tipo no fórum oficial da Microsoft e no Reddit, com medo de receberem um chamado do chefe, dizendo que “mês passado, você deixou de responder a 12 mensagens”.

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De acordo com os termos da Microsoft, a empresa admite as gravações e monitoramento de ações dos funcionários, mas a decisão tomada a partir disso é dos gestores de equipe.

Ao ZDNet, um porta-voz da empresa disse que “Somente o administrador global tem direitos de uso para a experiência de análise e relatório, a qual oferece insights sobre as formas pela qual a empresa usa o Microsoft Teams, mas não o conteúdo da mensagem em si”.

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Microsoft admite monitoramento de ações dos funcionários, mas cade ao gestor da equipe decidir o que fazer a respeito. Imagem: fizkes/Shutterstock

Em outras palavras, o administrador de sistema não sabe se você falou sobre o resultado do jogo na semana passada ou de algum documento importante do trabalho. Ele também não sabe que é necessariamente você na conversa. Ainda assim, há quem argumente que esse tipo de informação pode ser deduzida.

Autorização prévia

De modo a aliviar as preocupações dos usuários, a Microsoft publicou, em sua página oficial, uma longa explicação sobre como esse monitoramento é feito e, mais importante, que o usuário deve autorizá-lo, antes de tudo.

“As pessoas que decidirem permitir isso poderão revisar clipes de voz para aprimorar o desempenho do sistema de inteligência artificial da Microsoft por uma diversidade de pessoas, estilos de discurso, sotaques, dialetos e ambientes acústicos”, disse o arquiteto executivo dos serviços de transformação digital da empresa, John Roach.

Segundo ele, “o objetivo é tornar a tecnologia de reconhecimento de discurso da Microsoft mais inclusiva e fácil de se interagir. Clientes que decidirem não contribuir com seus clipes de voz para revisão ainda poderão usar todos os produtos e serviços de voz da Microsoft”.

Fonte: ZDNet