A Nasa, a Agência Espacial Italiana (ASI), a Agência Espacial Canadense (CSA) e a Agência de Exploração Aeroespacial do Japão (JAXA) anunciaram na última quarta-feira sua intenção de desenvolver um plano de missão para detecção e estudo de depósitos de gelo em Marte.

Sabemos que há dois tipos de gelo em marte: o polo norte marciano é coberto por uma calota composta principalmente por gelo carbônico, que se contrai e se expande com as estações do ano. Mas ele também abriga 1,2 milhões de quilômetros cúbicos de água congelada (o gelo ao qual nos referimos neste artigo), o equivalente a duas vezes o encontrado no Mar Negro, na Europa.

A missão internacional Mars Ice Mapper detectaria a localização, profundidade, extensão e abundância de depósitos de gelo próximos à superfície. Um radar em órbita também ajudaria a identificar propriedades da poeira, do material rochoso solto – conhecido como rególito – e de camadas sólidas de rocha que poderiam impactar a capacidade de acesso ao gelo.

A missão de mapeamento do gelo em marte poderia ajudar a agência a identificar objetivos científicos potenciais para as primeiras missões tripuladas a Marte, que devem incluir 30 dias de exploração na superfície do planeta. Por exemplo, a identificação e caracterização de gelo de água acessível poderia levar a tarefas como a perfuração e extração de amostras (coring) para apoiar a busca pela vida.

publicidade

O Mars Ice Mapper também poderia fornecer um mapa de recursos para expedições mais longas à superfície marciana. O mapeamento de gelo próximo à superfície também poderia apoiar objetivos científicos suplementares de alto valor relacionados à climatologia e geologia marciana. 

Ilustração da missão Mars Ice Mapper: um satélite usaria um radar para descobrir depósitos de gelo sob a superfície, e três outros seriam usados para comunicação com a Terra. Fonte: Nasa

“Este modelo inovador de parceria para a Mars Ice Mapper combina nossa experiência global e permite o compartilhamento de custos em todos os níveis para tornar esta missão mais viável para todas as partes interessadas”, disse Jim Watzin, consultor sênior da NASA para arquiteturas de agências e alinhamento de missões.

“A exploração humana e robótica andam de mãos dadas, com esta última ajudando a abrir o caminho para missões humanas mais inteligentes e seguras mais longe no sistema solar”. Juntos, podemos ajudar a preparar a humanidade para nosso próximo salto gigantesco – a primeira missão humana a Marte”.

Além de essencial para a sobrevivência, o gelo em marte é também um recurso natural crítico que poderia eventualmente fornecer hidrogênio e oxigênio para o combustível dos  foguetes. Estes elementos também poderiam fornecer recursos para suporte de vida de reserva, engenharia civil, mineração, manufatura e, eventualmente, agricultura em Marte. O transporte de água da Terra para o espaço profundo é extremamente caro, portanto, um recurso local é essencial para a exploração sustentável da superfície.

“Além de apoiar planos para futuras missões humanas em Marte, aprender mais sobre o gelo subterrâneo trará oportunidades significativas para a descoberta científica”, disse Eric Ianson, Diretor Adjunto da Divisão de Ciências Planetárias da NASA e Diretor do Programa de Exploração de Marte.

“O mapeamento de gelo próximo à superfície revelaria uma parte ainda escondida da hidrosfera marciana e da camada acima dela, o que pode ajudar a descobrir a história das mudanças climáticas em Marte e levar à nossa capacidade de responder a perguntas fundamentais sobre se Marte já foi ou ainda pode ser hoje o lar de vida microbiana”.