EUA alertam que novas variantes do coronavírus podem desfazer esforço de vacinação

Renato Santino02/03/2021 15h48
Vacina da Pfizer e da Johnson & Johnson chegam ao Brasil até o fim do ano
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Os Estados Unidos estão conseguindo colocar em prática o ambicioso plano de concluir a vacinação de sua população contra Covid-19 até o meio do ano, chegando a distribuir 2,5 milhões de doses em apenas um dia. No entanto, o governo já está alerta: tudo pode ser perdido com as variantes que circulam pelo mundo, incluindo o Brasil.

O país tem passado por um momento de controle da doença após chegar a registrar uma média de 250 mil novos casos por dia e manter uma média de mais de 3.000 óbitos diários. Hoje, o país vê uma queda vertiginosa de casos e mortes, mas o patamar ainda preocupa, com o registro de mais de 70 mil casos por dia e mais de 2.000 óbitos diários.

Casos de Covid-19 nos Estados Unidos
Estados Unidos têm queda drástica na média móvel de novos casos, mas números ainda preocupam. Imagem: Reprodução/Our World In Data

Por este motivo, Rochelle Walensky, diretora do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos, alerta que o momento ainda é delicado, mesmo com os indicadores melhorando. E ela aponta justamente para as variantes como fator que pode causar a reversão da tendência de queda vista no país, como informa a BBC.

Atualmente, os Estados Unidos já veem com preocupação a variante B.1.1.7, descoberta no Reino Unido. Uma análise recente chegou a demonstrar que ela já é responsável por 10% dos casos de Covid-19 no país.

A variante está associada a um aumento violento de casos enfrentado pelo Reino Unido entre o fim de 2020 e o início de 2021, que forçou um lockdown prolongado no país. Cientistas apontam que as mutações favorecem a transmissibilidade, o que amplia o número de casos. O governo do Reino Unido também chegou a afirmar que a B.1.1.7 também causa mais mortes proporcionalmente em comparação com as cepas mais antigas.

No entanto, a B.1.1.7 tem o ponto positivo de que, na maioria dos estudos apresentados até o momento, não houve queda significativa na resposta imune produzida pelas vacinas em comparação com as linhagens antigas.

O mesmo não pode ser dito sobre outras variantes que ainda tem alcance mais limitado, como a B.1.351, descoberta na África do Sul. Estudos realizados no país mostraram uma queda significativa na proteção induzida por imunizantes da Novavax e da Johnson & Johnson, por exemplo. Já a P.1, a cepa descoberta em Manaus no fim de 2020, tem mutações em comum com a sul-africana e caminha para se tornar dominante no Brasil.

O boletim epidemiológico mais recente da OMS, publicado na semana passada, indica que, apesar da B.1.1.7 ser a variante preocupante que mais tem afetado o país, os Estados Unidos também já têm transmissão comunitária da B.1.351.

Redator(a)

Renato Santino é redator(a) no Olhar Digital