Com exceção da vacina da Johnson & Jonhson, todos os atuais imunizantes contra a Covid-19 são administrados em duas doses, com intervalos que variam de duas semanas a três meses. Nesse intervalo, é totalmente possível que um indivíduo seja infectado pelo novo coronavírus — e isso não coloca em xeque a eficácia dos imunizantes.

Independentemente da tecnologia utilizada, as vacinas são compostas de antígenos. Eles são responsáveis por interagir com o sistema imunológico para estimular a produção dos anticorpos necessários para combater invasões virais. Só que isso demora cerca de duas semanas.

Nesse meio tempo, as células imunes precisam reconhecer os antígenos e interagir com eles para criar uma reação satisfatória. “Nenhuma vacina disponível, para qualquer doença, protege, mesmo que parcialmente, em menos de 14 dias após a aplicação”, explica a médica Isabella Ballalai, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).

Ampolas de vacinas contra a Covid-19
Primeira dose de vacina contra a Covid-19 leva em média duas semanas para estimular produção de anticorpos. Foto: M-Foto/Shutterstock

Isso significa que um indivíduo que tenha recebido a primeira dose de uma vacina contra a Covid-19 ainda não está totalmente protegido e, consequentemente, pode ser infectado pelo novo coronavírus. Ou seja, ele ainda deve seguir os cuidados básicos de prevenção como uso de máscara, higiene de mãos e vestimentas, distanciamento social e outras medidas.

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E, mesmo depois que tomar a segunda dose, se for infectado pode ser um agente transmissor. As vacinas protegem contra o adoecimento e as formas graves da doença, mas não impedem que alguém que seja contaminado transmita o novo coronavírus. Daí a importância de manter as medidas restritivas até que a maior parte da população seja imunizada.

Vacinas não causam Covid-19

Além dos questionamentos sobre a eficácia das vacinas porque alguns indivíduos contraem Covid-19 após receber a primeira dose de imunizante, outra polêmica é a possibilidade de a vacina causar a doença. Isabella explica que isso é impossível. “Nem por um milagre elas podem provocar a doença”, afirma.

A CoronaVac, por exemplo, é feita com vírus inativado. Ou seja, o novo coronavírus presente nas ampolas é tratado com substâncias químicas e mudanças de temperatura que impossibilitam que ele invada as células ou se replique no organismo.

Vacina contra Covid-19 e ao fundo uma bandeira do Brasil
Nenhuma das vacinas contra a Covid-19 é capaz de causar a doença. Foto: andriano.cz/Shutterstock

Já a Covishield, desenvolvida pela AstraZeneca em parceria com a Universidade de Oxford, utiliza um vetor viral não replicante. Os cientistas usam um adenovírus — que não se replica nem é nocivo para o corpo humano — com informações genéticas do novo coronavírus. Assim, ele é capaz de provocar uma resposta imune do corpo contra o microrganismo.

Monitoramento pós-imunização

Como mesmo depois de imunizado um indivíduo pode contrair Covid-19, é importante monitorar os sintomas para que efeitos colaterais não acobertem uma infecção pelo novo coronavírus. Febre, mal-estar, fraqueza e dores no corpo são efeitos adversos comuns dos imunizantes, mas devem ser observados com rigor. “Nunca ignore ou desvalorize sinais persistentes, pensando que eles são apenas uma reação à vacina. Se for o caso, procure um especialista para uma avaliação individualizada”, reforça Isabella.

No domingo (7), o Brasil atingiu a marca de 8,2 milhões de vacinados contra a Covid-19, segundo o consórcio de veículos de imprensa. O número, no entanto, corresponde a apenas 3,88% da população nacional.

Via: BBC