A espionagem de celulares e computadores continua em alta no Brasil. Um novo levantamento da Kaspersky mostrou que os brasileiros estão em segundo lugar no ranking global de vítimas de stalkerware, nome dado a programas espiões que, apesar de comercializados legitimamente, estão diretamente associados ao abuso e à violência doméstica.

Segundo dados da empresa, em 2020, mais de 6,5 mil usuários no País foram vigiados por esses softwares, o que representa cerca de 12% do total de ataques no mundo. Com isso, o Brasil ficou apenas atrás da Rússia, que teve mais de 12,3 mil casos.

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De acordo com a organização Coalition Against Stalkerware (CAS), esses programas são muito usados, em todo o mundo, como forma de perseguição e ciberviolência entre casais – e as maiores vítimas são as mulheres. A maioria dos usuários afetados não sabem que estão sendo vigiados, e nem mesmo que esse tipo de software existe, o que causa impotência por parte da vítima.

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PaísUsuários Afetados
Rússia12.389
Brasil6.523
Estados Unidos4.745
Índia4.627
México1.570
Alemanha1.547
Irã1.345
Itália1.144
Reino Unido1.009
Arábia Saudita968
Ranking global de países mais afetados por Stalkerware. Fonte: Kaspersky

“Observamos que o número de usuários afetados por stalkerware permaneceu alto e detectamos novas amostras todos os dias. É importante lembrar que, por trás de todos esses números, há a vida real de uma pessoa e, às vezes, um pedido silencioso de ajuda. A nossa pesquisa serve também para alertar sobre o problema e fazer com que as pessoas o entendam melhor. Nosso objetivo é ajudar a acabar com o uso desses programas”, comenta Fabio Assolini, analista sênior de segurança da Kaspersky no Brasil.

Em comparação com 2019, o Brasil teve queda de 17% na quantidade de ataques de stalkerware. Mas isso não deve ser visto como uma evolução: segundo os especialistas da Kaspersky, a diminuição dos casos foi uma tendência mundial e está ligada ao período de isolamento devido à pandemia, já que com mais pessoas em casa, houve menor necessidade de vigilância pelos agressores. Porém, a partir dos meses em que houve o afrouxamento das medidas de restrição em diversos países, os casos foram retomaram o ritmo anterior.

Curva mundial de usuários afetados por stalkerware. Imagem: Kaspersky

Ação contra stalkerware e violência cibernética

Em 2019, a Kaspersky cofundou, com nove outras organizações, a Coalition Against Stalkerware (CAS), que atualmente possui 30 membros de cinco continentes. A CAS visa melhorar a detecção de stalkerware no setor, o aprendizado mútuo de organizações sem fins lucrativos e empresas e a conscientização do público.

Além disso, em novembro de 2020, a Kaspersky lançou a ferramenta anti-stalkerware TinyCheck, para ajudar organizações sem fins lucrativos a apoiar as vítimas de violência doméstica e proteger a privacidade delas. Sua característica exclusiva é ser capaz de detectar stalkerware e informar os usuários afetados sem que o agressor saiba. A ferramenta tem o suporte da comunidade de segurança de TI, que ajuda a atualizá-la continuamente.

O que fazer antes de remover stalkerware de um dispositivo?

  • Não tenha pressa em remover o stalkerware encontrado, pois o agressor poderá perceber. É muito importante considerar que o agressor pode representar um risco à segurança. Em alguns casos, como reação, o comportamento agressivo da pessoa pode aumentar.
  • Entre em contato com as autoridades locais e as organizações de atendimento de apoio a vítimas de violência doméstica para obter assistência e um planejamento de segurança. Há uma lista de organizações relevantes em vários países em www.stopstalkerware.org.
  • Avalie se você deseja preservar provas do stalkerware antes de removê-lo.
  • Faça o que fizer, mantenha sua segurança como prioridade.