Mesmo com a queda das vendas de carros no Brasil – além da pandemia de covid-19, falta de matéria-prima e desvalorização do real -, o setor de picapes registra demanda tão alta no País que unidades usadas estão sendo vendidas mais caras que modelos novos. Segundo levantamento feito pela Kelley Blue Book Brasil (KBB), Fiat Strada, Toyota Hilux e outras valorizaram diante às versões zero km.
Apesar das vendas terem diminuído comparado a 2019, a procura por caminhonetes é tão alta que as fábricas têm dificuldade de atendê-la. Mas o setor de picapes contou com a ajuda, principalmente, do agronegócio, que segue atendendo a demanda interna e ampliando suas exportações. Ao mesmo tempo, os modelos seguem visados por outros setores da economia, com os lançamentos de novas versões dos modelos.
De acordo com a empresa especializada em precificação do setor de automóveis, o preço médio elevado também não parece ser problema. Na verdade, isso significa que os compradores de caminhonetes possuem renda média ampliada e são menos suscetíveis às crises.
Mas em meio a tudo isso, a conta começa a não fechar. As fábricas enfrentam problemas nas suas linhas de produção; seja por falta de chips, pelo dólar alto, pela pandemia ou lockdowns. Chevrolet, Fiat e Honda, por exemplo, aumentaram os prazos de entrega para os veículos, enquanto outras marcas como Volkswagen, Mercedes-Benz, Volvo e Scania interromperam as atividades produtivas das suas fábricas no Brasil.
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A Fiat Strada, que é o segundo veículo mais vendido do Brasil em 2021, lidera o ranking de valorização da KBB, com preço-médio de revenda 3,37% maior que na concessionária. A versão seminova, por exemplo, é revendida a R$ 81.725, contra R$ 79.060 da tabela.
Na lista de picapes usadas valorizadas também temos a Toyota Hilux, cuja versão repaginada tem aumento médio de 2,04%. O modelo usado é, inclusive, líder de valorização nominal, custando R$ 4.017 a mais que o novo. Completando o ranking, há ainda a Volkswagen Amarok (0,57%) e a Renault Duster Oroch (3,27%).
Sem perspectivas claras quanto aos problemas atuais, a condição inusitada deverá permanecer por mais algum tempo. Muitas vezes, os compradores de picape não esperam e optam por um modelo pouco rodado, abrindo mão do cheirinho de carro novo e pagando, na prática, um preço maior.
Especialista em análises do mercado, a KBB reforça que o Brasil vive situação atípica, o que estimulou o estudo. A empresa destacou o “desequilíbrio entre a oferta e demanda e os impactos da pandemia no fornecimento de matéria-prima para a produção de veículos”. Confira a lista completa abaixo:
Fonte: Quatro Rodas
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