Em uma tentativa de contornar o fiasco que foi a previsão de oferta pública inicial (IPO, em inglês) feita no passado, o WeWork anunciou um acordo de fusão com a BowX Acquisition Corp. Com os novos cálculos, a empresa foi avaliada em US$ 9 bilhões – bem abaixo dos US$ 47 bilhões anteriores.

Dentro do cálculo feito para a fusão com a BowX, também está considerado o prejuízo de US$ 3,2 bilhões que o WeWork registrou em 2020.

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O acordo entre as empresas entra em uma categoria de negociações conhecida pela sigla SPAC, do inglês Special Purpose Acquisition Companies. Em tradução, esse acordo serve para compor uma sociedade de aquisição de propósito específico – no caso, esse propósito específico seria a abertura de capital.

Imagem representa a rotina de análise da bolsa, com computadores com gráficos de ações e um homem falando ao telefone.
WeWork desenha nova tentativa de abrir capital na bolsa. Crédito: Shutterstock

A manobra é uma alternativa ao conhecido IPO e bastante difundida entre empresas, especialmente nos Estados Unidos.

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Tão bem difundida que, só neste ano, o número de ofertas feitas por meio desse procedimento nos EUA já bateu a marca do realizado em 2020 inteiro – 296 versus 248, respectivamente. A título de comparação, em 2019, o número de SPAC IPOs realizados foi 59, segundo dados da SPAC Analytics, especializada no monitoramento e análise desse tipo de procedimento no país.

Em comparação, os SPAC IPOs responderam por cerca de 55% de todos os IPOs feitos nos Estados Unidos no ano passado. Foram 450 IPOs contra 248 SPAC IPOs em 2020.

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Com a fusão, a BowX irá entrar com US$ 483 milhões em dinheiro – assumindo que nenhum resgate será feito da conta fiduciária de investidores públicos da empresa.

A empresa também entrará com outros US$ 800 milhões de fundo privado, em uma ação encabeçada por grandes investidores como Insight Partners, fundos administrados pela Starwood Capital Group, Fidelity Management & Research Company LLC, Centaurus Capital e fundos e contas administrados pela BlackRock.

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Assim, quando concluída a fusão, estima-se que o WeWork conseguirá pouco mais de US$ 1 bilhão em dinheiro livre, cuja finalidade será financiar os planos de crescimento da empresa para o futuro.

A transação foi aprovada por unanimidade pelos Conselhos de Administração da WeWork e BowX e está prevista para ser concluída no terceiro trimestre de 2021.

As negociações estão sujeitas a alteração, no entanto, porque ainda passarão por análises rotineiras desse tipo de procedimento.

Após o fiasco

O WeWork passou por maus bocados quando anunciou que pretendia abrir capital em 2019. À época, a empresa, que tinha grandes expectativas por conta de seu crescimento acelerado, demonstrou-se também bastante falha na gestão interna das finanças.

Por isso ela teve de desistir do IPO, e se reestruturar. Em meio a melhorias na gestão financeira, redução de custos e reajustes na proposta de valor, a empresa chegou a encerrar cerca de 106 empreendimentos não essenciais e reduzir o quadro de colaboradores em 67%.

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Hoje, o WeWork possui mais de um milhão de estações de trabalho compartilhadas, espalhadas em mais de 800 unidades em 150 cidades do mundo. Empresas representam mais de 50% do faturamento atual, contra 10% do que esses clientes representavam para a empresa em 2015.

O futuro dos espaços compartilhados

Apesar da estreia da rede de coworking na bolsa de valores ter sido muito aquém do estimado para a época, o mercado de espaços compartilhados como um todo sofreu no último ano em função da pandemia – e o baque também foi grande.

No Brasil, os espaços compartilhados eram de quase 1,5 mil espalhados em 195 municípios acima de 100 mil habitantes, sendo São Paulo o principal polo, segundo dados do Censo Coworking Brasil 2019, do Coworking Brasil.

Ainda de acordo com levantamento feito pela organização, as perspectivas pré-pandemia eram de abertura de 1,6 mil novos espaços mundialmente.

Ao contrário do que estimava-se, a pandemia não apenas minou qualquer planejamento de abertura de novos espaços compartilhados. Com o isolamento social e a debandada geral de colaboradores e empresas para home offices, o fluxo de clientes nos coworkings reduziu dramaticamente – o mercado chegou a perder 53% do faturamento durante o pico da crise.

Estimativas da organização apontam que o mercado global de espaços de coworking diminuiu de US$ 9,27 bilhões em 2019 para US$ 8,24 bilhões em 2020.

Ainda segundo o Coworking Brasil, no entanto, o mercado deve se recuperar nos próximos meses, com previsão de atingir US$ 11,52 bilhões em 2023.

Via: Wall Street Journal, BusinessWire e Coworking Brasil.