Um buraco negro chamado Cygnus X-1, conhecido desde a década de 60, está surpreendendo os astrônomos. Isso porque, com base no que eles atualmente conhecem sobre esses tipos de objetos e a forma como eles se formam, este buraco negro provavelmente não deveria existir.

Cygnus X-1 reside na constelação Cygnus, o “cisne”. O objeto já foi uma estrela azul, e sua existência como um buraco negro começou há milhões de anos, quando a estrela atingiu um ponto de ruptura, ficando sem combustível e entrando em colapso.

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Pesquisas mais recentes recalcularam o tamanho deste buraco negro de 15 para 21 vezes a massa do nosso Sol. Para o olho destreinado, este é um salto pequeno, quase insignificante. Mas para os astrônomos, a estimativa revisada significa que eles devem revisitar suas teorias sobre estrelas massivas e os buracos negros nos quais elas se  transformam.

Buraco Negro M87*, na galáxia Messier 87
Temos evidência da existência de buracos negros há décadas, mas só conseguimos fotografar um pela primeira vez em 2019. M87*, na imagem acima, fica na galáxia Messier 87. Imagem: European Southern Observatory (CC-BY-4.0)

Os astrônomos acreditavam, com base no que entendem sobre metalicidade estelar – termo que descreve a abundância de metais pesados ​​em estrelas massivas – que o maior buraco negro que um ambiente como a Via-Láctea poderia produzir atingiria no máximo cerca de 15 vezes a massa do nosso Sol.

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Mas a existência de Cygnus X-1 sugere que este fato fundamental de nossa galáxia está incompleto. “Estrelas massivas podem potencialmente reter muito mais massa antes de entrar em colapso e, essencialmente, levar isso com elas enquanto se transformam em um buraco negro”, disse Carl Rodriguez, astrofísico da Carnegie Mellon University que não estava envolvido na nova pesquisa.

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Cygnus X-1 pode ser um dos maiores buracos negros conhecidos em nossa galáxia, mas está longe de ser o maior buraco negro do cosmos. Uma massa de 21 sóis é uma formiguinha comparada com o tamanho de outros buracos negros por aí.

Os buracos negros supermassivos no centro das galáxias, até mesmo a nossa, são vários milhões de vezes mais massivos que o Sol. E observatórios de ondas gravitacionais como o LIGO e Virgo descobriram outra classe de buracos negros, a muitos milhões de anos-luz de distância, que podem se aglutinar em objetos ainda maiores.

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Quando um par de buracos negros, com massas 65 e 85 vezes maiores do que o nosso sol, colidiu, enviando ondas gravitacionais pelo universo, eles se transformaram em um buraco negro 150 vezes mais pesado que o sol.

James Miller-Jones, astrofísico da Curtin University na Australia, suspeita que agora tem a estimativa certa para Cygnus X-1, sem mais surpresas. Mas tentar decifrar buracos negros muitas vezes pode parecer um trabalho sem fim. “Cada vez que você tem alguma informação nova ou responde a uma pergunta”, disse Rodriguez, “aparecem mais três”.

Fonte: The Atlantic