Restos de um protoplaneta podem estar escondidos dentro da Terra

Por Rafael Rigues, editado por André Lucena 30/03/2021 15h49, atualizada em 30/03/2021 19h02
Ilustração imagina a colisão de um planeta do tamanho de Mercúrio com outro do tamanho de nossa Lua.
Ilustração imagina a colisão de um planeta do tamanho de Mercúrio com outro do tamanho de nossa Lua.
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Uma das teorias para explicar a formação da Lua diz que ela é fruto da colisão entre a Terra e Theia, um protoplaneta com aproximadamente o tamanho de Marte, há 4,5 bilhões de anos. Os destroços ejetados após a colisão eventualmente teriam se aglomerado em órbita da Terra e formado a Lua.

Durante a colisão os núcleos de ambos os planetas teriam se fundido, o que explicaria porque o núcleo da Terra é maior que o esperado para um objeto de seu tamanho. Mas um novo estudo publicado na revista Science sugere que há mais de Theia entre nós do que imaginamos. Duas “bolhas” de rocha quente do tamanho de continentes, localizadas no manto terrestre debaixo da África e do Oceano Pacífico, seriam parte do manto de Theia.

Ilustração do oceano de magma que teria coberto a superfície da Lua por 200 milhões de anos após sua formação, resultado da colisão entre a Terra e o protoplaneta Theia
 Ilustração do oceano de magma que teria coberto a superfície da Lua por 200 milhões de anos após sua formação. Imagem: NASA

Modelos desenvolvidos por Qian Yuan, estudante de doutorado de geodinâmica na Universidade Estadual do Arizona (ASU, Arizona State University) e autor do artigo, mostram que rochas 1,5% a 3,5% mais densas que o manto terrestre não se misturariam às rochas ao redor. E um estudo de 2019 sugere que o manto de Theia era de 2% a 3,5% mais denso do que o da Terra.

Segundo a teoria de Yuan, as rochas mais leves foram ejetadas para o espaço, onde formaram a Lua, mas partes do manto de Theia ricas em ferro teriam mergulhado em direção ao núcleo da Terra, se consolidando e formando as enigmáticas bolhas. “Acho que a ideia é completamente viável, até que alguém prove o contrário”, diz Edward Garnero, sismólogo da ASU que não esteve envolvido na pesquisa, em declaração à revista Science.

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Se pedaços de Theia estão enterrados no manto terrestre, podem não estar sozinhos. Com o surgimento de equipamentos e técnicas mais precisas, sismólogos estão descobrindo cada vez mais “bolsões” de material ultradenso, com algumas centenas de quilômetros de largura, em meio ao manto terrestre.

Eles podem ser os núcleos ricos em ferro de outros planetas em miniatura que colidiram com a Terra durante sua formação. Neste caso Theia seria apenas uma “cova” em meio a um “cemitério” planetário.

Fonte: Live Science

Redator(a)

Rafael Rigues é redator(a) no Olhar Digital

André Lucena
Ex-editor(a)

Pai de três filhos, André Lucena é o Editor-Chefe do Olhar Digital. Formado em Jornalismo e Pós-Graduado em Jornalismo Esportivo e Negócios do Esporte, ele adora jogar futebol nas horas vagas.