É como reencontrar seu grupo de amigos depois de um tempo sem se ver – algo ainda mais emotivo em tempo de isolamento social causado pela pandemia de Covid-19. Pouco mais de cinco anos depois do nosso primeiro encontro em ‘Persona 5’ (e um ano e meio depois do revival em ‘Persona 5 Royal’) os Phantom Thieves estão de volta em ‘Persona 5 Strikers’.

E foi interessante a forma como a Atlus marcou esse reencontro. Ao invés de lançar outro JRPG e dar sequência só com o enredo, trouxe o universo de ‘Persona 5’ para um novo gênero de jogo, um “musou” – estilo apresentado na série ‘Dynasty Warriors’, da Koei Tecmo, uma espécie de hack n’ slash massivo e com golpes super espalhafatosos.

Mas essa é a única mudança, de resto tudo está lá: trilha sonora marcante, identidade visual, progressão diária da história, muita conversa e interação, personas, magias, metaverso, vilões caricaturescos e o principal, Joker, Mona, Skull, Panther, Fox, Queen, Fox, Oracle e Noir – com o acréscimo de um novo personagem, a inteligência artificial Sophie.

‘Persona 5 Strikers’ se passa seis meses após o fim do game de 2016. Pode parecer pouco tempo, mas para os jovens parece uma eternidade: alguns estão no primeiro ano da faculdade, enquanto outros no último da escola. O grupo se reúne para planejar um acampamento de férias, mas os planos são frustrados quando eles percebem que uma nova ameaça paira sobre o metaverso.

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Os smartphones, que antes davam acesso ao universo paralelo por meio de um aplicativo, agora transportam os jovens com o auxílio da assistente virtual EMMA para explorar o “Jail”, a realidade alternativa onde as sombras tomam conta. A escala de tempo no novo jogo é menor, pouco mais de dois meses, mas agora os Phantom Thieves devem viajar por todo Japão para “roubar corações”.

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Apesar de se propor a ser um “musou”, ‘Strikers’ pega tantos elementos emprestados da sua origem como um JRPG que acaba parecendo mais um híbrido entre os dois gêneros. A ação é desenfreada como em um hack n’ slash, mas o jogador pode calcular bem seus movimentos e como usar cada habilidade para maximizar seu dano, como em um RPG. Até a dinâmica de evoluir e fundir personas para criar novas figuras está de volta – bem como a Velvet Room e um novo guia para o Joker.

As mecânicas de construção de personagens e poderes não chega a ser tão complicada quanto no jogo original. Mas também não é nada simples. Se você jogou ‘Persona 5’, terá mais facilidade em se familiarizar com a estrutura de desenvolvimento de habilidades, mas caso contrário pode ter dificuldade no início, principalmente dada a quantidade de informações para absorver.

Outros comandos mais práticos, como os golpes e as esquivas – e até o “All Out Attack”, agora em nova versão – requerem algum treinamento. Felizmente, a dificuldade do jogo pode ser reduzida até praticamente ser uma série em anime interativa, com desafios bem leves, melhor para quem está chegando. Mas os jogadores mais experientes também poderão experimentar um sistema de combate complexo e ao mesmo tempo muito bem coreografado, que gera uma certa satisfação quando bem executado.

Essas características fazem de ‘Strikers’ um “musou” único, da mesma forma que ‘Persona 5’ é um JRPG único. Design de arte impecável, trilha sonora arrasadora, enredo envolvente e uma jogabilidade que desafia sua inteligência e sua habilidade com o controle fazem uma combinação explosiva e um dos jogos mais divertidos do ano.

‘Persona 5 Strikers’ está disponível para PlayStation 4, PC (via Steam) e Nintendo Switch. A versão jogada para esta análise foi a do Nintendo Switch.