A metástase do câncer em geral é um processo que ainda gera muitas dúvidas na comunidade cientifica. Inicialmente associada a um estágio mais avançado da doença, hoje o processo é visto como algo extremamente complexo que envolve a fuga das células cancerígenas do local onde foram originadas.

Tentando descobrir o que está por trás do processo responsável pela maioria das cerca de 10 milhões de morte de pacientes com câncer todos os anos, e que possui pouquíssimas formas de tratamento, a médica Adrienne Boire começou a estudar a metástase leptomeníngea.

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Uma das principais pesquisas sobre o tema foi feita em 2003 por Christoph Klein, na Universidade de Regensburg na Alemanha e seu ex-colega, Gert Riethmüller da Ludwig Maximilians. O estudo descobriu que muitas células de metástase se espalham pelo corpo ainda muito no início do desenvolvimento da doença, mas ficam dormentes e só se tornam detectáveis quando o quadro se agrava. Isso foi ficando mais evidente com relatos de pacientes que desenvolveram metástase sem ter tido o diagnóstico de um tumor primário.

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“Em pacientes com câncer de mama e no melanoma (tipo de câncer de pele), as células podem sair muito, muito cedo, antes que os cânceres adquiram um certo tamanho ou são detectáveis. E as células podem colonizar órgãos e, eventualmente, dar origem a metástases”, disse Julio Aguirre-Ghiso, da Escola de Medicina Icahn no Monte Sinai.

Metástase no câncer

Os resultados dessas análises foram muito impactantes pois indicam que, mesmo um câncer detectado no começo, pode desenvolver metástase. “Não acho que possamos evitar a disseminação [precoce]”, diz Maria Soledad Sosa, pesquisadora de câncer na Icahn School of Medicine. “Essa não será uma terapia viável,”, completa ainda.

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O estudo de Boire e seus colegas do Memorial Sloan Kettering usa como base o fato das células de metástase se adaptarem aos locais em que se instalam e podem, inclusive, mudar de ambiente para sobreviverem mais tempo. “As células cancerosas no líquido espinhal produzem uma proteína chamada componente do complemento 3 (C3), que o líquido cefalorraquidiano (LCR) de pacientes com a doença também tem um nível relativamente alto da proteína e que o C3 rompe a barreira entre o sangue e o LCR, permitindo que as substâncias que as células cancerosas precisam vazar”, diz a pesquisa.

Segundo Boire, o local onde o LCR fica é muito pobre em nutrientes, então é um ambiente hostil para as células de metástase do câncer. O C3 então as ajuda a encontrarem um local melhor para se instalarem. Os pesquisadores agora tentam criar uma forma de direcionar essas células em um tratamento. Apesar de ainda não existir algo que impeça de fato a formação da metástase, a cientista acredita que aos poucos está conseguindo descobrir o que há por trás no fenômeno.

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Via: The Scientist