Patente da EA cria “dificuldade adaptativa” para que você jogue por mais tempo

Além de trazer um ajuste de desafios baseado no desempenho do jogador, novo recurso também gera previsão do tempo que ele dedica à uma partida
Por Rafael Arbulu, editado por Renato Mota 08/04/2021 12h36
O 'Fifa 21' inclui ações no game que promovem a campanha 'No Room for Racism' (Sem espaço para o racismo, na tradução literal) da Premier League. Imagem: Electronic Arts/Divulgação
O 'Fifa 21' inclui ações no game que promovem a campanha 'No Room for Racism' (Sem espaço para o racismo, na tradução literal) da Premier League. Imagem: Electronic Arts/Divulgação
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Uma nova patente assinada pela Electronic Arts (EA) faz referência ao que a empresa chama de “dificuldade adaptativa”. Segundo a documentação, preenchida em outubro de 2020 e publicada no final de março deste ano, a novidade se trata de um recurso que analisa seu desempenho em um game e ajusta a dificuldade para que nada fique fácil demais para o jogador. Mas a EA também traz um “algo a mais” para a mesa.

Pelos documentos publicados pelo Escritório de Patentes e Marcas Registradas dos Estados Unidos (“USPTO”, na sigla em inglês), a patente da EA sobre dificuldade adaptativa traz o seguinte trecho: “o sistema pode analisar dados do histórico de atividades do usuário em relação a um ou mais jogos para gerar um ‘modelo de previsão de retenção de partida’”.

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Em nova patente, EA sugere a criação da "dificuldade adaptativa" para deixar os jogos mais desafiadores.

Na imagem: captura do jogo "Need for Speed", com uma viatura da polícia perseguindo um carro esportivo em alta velocidade
A dificuldade adaptativa sugerida pela EA pode beneficiar títulos como “Need for Speed”, onde a inteligência artificial se ajusta conforme desempenho do jogador. Imagem EA/Divulgação

Basicamente, isso é um jargão da indústria para a criação de um relatório de análise que antecipa por quanto tempo espera-se que você fique jogando um game. A partir daí, esse relatório é alimentado à inteligência artificial (IA) de um jogo, que fará os ajustes de dificuldade de forma que a partida seja, em partes iguais, desafiadora para você, mas também assegure que você dedique o tempo esperado para ela.

“Desenvolvedores de software normalmente desejam que suas criações engajem usuários por quanto tempo for possível”, diz outro trecho da patente. “Um dos desafios do desenvolvimento de jogos é criar um produto cujo nível de dificuldade seja mais propenso a manter o usuário engajado por um período maior de tempo”.

O conceito da patente da EA sobre dificuldade adaptativa é bem complicado, ainda que elegante: considerando que cada usuário tem o seu grau de tolerância ou gosto por desafios, a adaptação aos desafios mais complicados pode variar de pessoa para pessoa. ‘Dark Souls’, um título que ficou famoso justamente por ser consideravelmente difícil, tem, ao mesmo tempo, fãs que dedicam horas a superar seus desafios de forma milimétrica e jogadores que desistem diante de quatro ou cinco falhas antes de trocá-lo por um jogo mais simples.

Encontrar o meio termo entre um e outro parece ser a proposta da EA, mas ainda há algumas questões levantadas. Por exemplo, jogadores que dedicam poucas horas a um título terão um grau de dificuldade demasiadamente ampliado para criar uma experiência desafiadora em um curto espaço de tempo? A dificuldade adaptativa analisará seu progresso em um jogo, fazendo um ajuste de desafios a “conta-gotas”? Ou ainda, pessoas com intervalos irregulares — por exemplo, quem trabalha a semana toda, dedicando uma ou duas horas por dia, mas compensando isso com 10 horas ou mais aos finais de semana — terá um ajuste próprio?

No presente momento, nenhuma das perguntas acima tem resposta, haja vista que, como qualquer outro produto no setor, uma patente é apenas uma forma de proteção legal contra o roubo de um produto que pode ou não vir a nascer. Para todos os efeitos, essa patente da EA sobre dificuldade adaptativa pode sequer sair do papel.

Fonte: United States Patent and Trademark Office


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Jornalista formado pela Universidade Paulista, Rafael é especializado em tecnologia, cultura pop, além de cobrir a editoria de Ciências e Espaço no Olhar Digital. Em experiências passadas, começou como repórter e editor de games em diversas publicações do meio, e também já cobriu agenda de cidades, cotidiano e esportes.

Redator(a)

Renato Mota é redator(a) no Olhar Digital