Apenas 3% das terras do nosso planeta não foram estragadas por humanos, diz estudo

Por Tamires Ferreira, editado por André Lucena 15/04/2021 16h32, atualizada em 16/04/2021 16h35
Serengete. Imagem: Shutterstock
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Segundo um estudo recentemente publicado na revista Frontiers in Forests and Global Change, apenas 3% das terras da Terra estão intactas, ou seja, não foram degradadas pelo homem. A pesquisa fez um levantamento sobre os ecossistemas do mundo e apontou ainda que, dentre os poucos intactos, 11% fazem parte de áreas protegidas.

Para biólogos, ecossistemas ecologicamente intactos se tratam de um conjunto de relações complexas que sustentam uma diversidade de vida inalterada por nós. Grande parte de habitat preservados estão nas latitudes do norte, nas florestas boreais do Canadá ou na tundra da Groenlândia. Partes das florestas tropicais ricas em espécies da Amazônia, Congo e Indonésia também fazem parte dessa conta.

“Estes são os melhores dos melhores, os últimos lugares da Terra que não perderam uma única espécie que conhecemos”, diz Oscar Venter, um cientista conservacionista da University of Northern British Columbia em Prince George que não estava envolvido no estudo. Segundo ele, é crucial identificar esses locais, assim como regiões ameaçadas de desenvolvimento e que precisam de proteção, como é o caso da floresta amazônica.

Há muitos anos cientistas conservacionistas tentam mapear a degradação da Terra por humanos. De acordo com o biólogo Andrew Plumptre, da Universidade de Cambridge, satélites não são capazes de captar todos os agravantes da atual situação. Uma manada com menos animais, por exemplo, pode parecer intacto do espaço, mas fazer toda a diferença dentro de um ecossistema que depende uns dos outros para funcionar.

“A caça, os impactos das espécies invasoras, as mudanças climáticas podem prejudicar os ecossistemas, mas não podem ser facilmente detectados via satélite”, explicou o especialista.

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Métodos

Para a pesquisa, Plumptre e seus colegas procuraram habitats que tivessem seu conjunto de espécies completo de forma natural a partir de 1500 D.C. Como terras com grandes extensões são necessárias para manter espécies, os pesquisadores consideraram apenas áreas maiores que 10 mil quilômetros quadrados. O grupo combinou dados sobre a integridade do habitat abrangendo 7.500 espécies de animais e levando em consideração as que foram perdidas.

O resultado mostrou que 28,4% das áreas terrestres maiores que 10 mil quilômetros quadrados estão relativamente livres da ação humana, mas apenas 2,9% contêm todas as espécies que possuía há 500 anos. Ao reduzir o tamanho da área para mil quilômetros quadrados, a porcentagem aumentou para 3,4.

Apenas 3% do ecossistema da Terra está intacto (em roxo). Imagem: Reprodução/ Artigo Fronteiras em Florestas e Mudanças Globais 2021
Apenas 3% do ecossistema da Terra está intacto (em roxo). Imagem: Reprodução/ Artigo Fronteiras em Florestas e Mudanças Globais 2021

Para o biólogo Plumptre, os números foram uma surpresa: “[O resultado] foi muito menor do que esperávamos. No início imaginei que seria de 8 a 10 por cento. Isso apenas mostra o grande impacto que tivemos”.

Alguns estudiosos questionam a rigidez da pesquisa. Para Jedediah Brodie, um ecologista conservacionista da Universidade de Montana, em Missoula, o estudo pode ser relativo e não significar necessariamente um desastre.

“Muitos ecossistemas ao redor do mundo perderam uma ou duas espécies, mas ainda são comunidades vibrantes e diversificadas”, explicou Brodie.

Para Plumptre, o ideal é a restauração dessas áreas que, segundo os cálculos dos pesquisadores, apesar do pequeno 3% de terra ecologicamente intacta, pode tentar se recuperar com a introdução de até cinco espécies perdidas, o que resultaria em até 20% do ecossistema restaurado. Opções como a reintrodução de espécies já funcionou em alguns lugares. Um deles foi o Parque Nacional de Yellowstone, que devolveu o equilíbrio ao ecossistema dos lobos.

Fonte: Science News

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Tamires Ferreira
Redator(a)

Tamires Ferreira é jornalista formada pela Fiam-Faam e tem como experiência a produção em TV, sites e redes sociais, além de reportagens especiais. Atualmente é redatora de Hard News no Olhar Digital.

André Lucena
Ex-editor(a)

Pai de três filhos, André Lucena é o Editor-Chefe do Olhar Digital. Formado em Jornalismo e Pós-Graduado em Jornalismo Esportivo e Negócios do Esporte, ele adora jogar futebol nas horas vagas.