Pesquisadores do Moscow Institute of Physics and Technology (MIPT), na Rússia, e de Harvard, nos Estados Unidos, produziram células retinais capazes de se integrar a retina. Os testes foram feitos em ratos e, pela primeira vez, foi possível transplantar células ganglionares (neurônios da retina que são destruídos pelo glaucoma) derivadas de células-tronco em um ambiente de laboratório.

Os testes apontaram que as células transplantadas se integraram com sucesso e sobreviveram por um ano. Futuramente, pesquisadores visam criar bancos de células especializados que permitirão um tratamento personalizado para cada paciente.

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Paciente com glaucoma
Células-tronco podem ser a chave para curar glaucoma, diz pesquisa. Imagem: Shutterstock

As células danificadas no glaucoma são responsáveis pela transmissão da informação visual e em longo prazo, sem tratamento, podem levar a cegueira completa. Durante a pesquisa, os cientistas conseguiram não apenas desenvolver neurônios (as células ganglionares da retina são consideradas neurônios especializados), mas também transplantá-los para os olhos de camundongos, obtendo o crescimento interno correto do tecido retinal artificial.

“Nossos estudos em camundongos lançaram luz sobre algumas das questões básicas que cercam a substituição de células da retina, ou seja, os RGCs de doadores sobrevivem nas retinas do hospedeiro doente? Ou os transplantes só são possíveis em hospedeiros jovens?”, apontou Julia Oswald, a primeira autora do artigo e pesquisadora do Schepens Eye Research Institute, afiliado da Harvard Medical School.

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Evgenii Kegeles, pesquisador júnior do laboratório de engenharia genômica do MIPT, apontou que as células retinais são cultivadas usando organoides especiais com tecido formado em uma placa de Petri. “Estamos confiantes de que as células crescidas são incorporadas onde necessário e têm axônios estendidos para o cérebro, mas sua funcionalidade total é atualmente impossível de avaliar devido ao número relativamente baixo de células que sobrevivem ao procedimento. No entanto, nosso estudo mostra uma primeira prova de conceito (PoC) para o reisolamento de células de doadores pós-transplante, para observar em um nível molecular que as células, de fato, formaram sinapses, desenvolveram axônios e se integraram na retina”, disse.

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“Esta técnica permitirá inúmeros estudos futuros no cruzamento entre as células transplantadas e o microambiente do hospedeiro. Isso nos permitirá encontrar e empregar mecanismos moleculares que ajudarão as células transplantadas a funcionar corretamente e, como resultado, melhorar a função visual quando transplantadas na quantidade certa”, completou Kegeles.

Os cientistas ainda apontaram que as células da retina de camundongo podem ser cultivadas a partir de células-tronco em cerca de 21 dias, porém, em célula humanas podem demorar de 50 a 100 dias. E isso provavelmente não será problema pois uma pessoa que se prepara para um transplante de glaucoma não precisará de tecido retinal cultivado a partir de suas próprias células-tronco. Pois o olho é um órgão com privilégios imunológicos e a rejeição é rara. Sendo assim, é possível criar um banco de células para estes pacientes.

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“Foi realmente um estudo capacitador no qual demonstramos que é possível fazer diversos neurônios de células ganglionares da retina em quantidade suficiente para o transplante. Além disso, a capacidade dos neurônios do doador de se integrar à retina doente e sobreviver por mais de um ano traz esperança e entusiasmo para o desenvolvimento da terapia celular”, afirmou Petr Baranov, principal investigador do Schepens Eye Research Institute, da Harvard Medical School.

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