Estudos clínicos realizados no Imperial College, de Londres, apontam que uma substância presente em cogumelos psicodélicos pode auxiliar no tratamento da depressão. O estudo ainda precisa passar por testes de fase três para que seja avaliada sua eficácia. 

Nos resultados de um pequeno ensaio clínico de fase dois, os pesquisadores concluíram que duas doses de psilocibina, substância presente nos cogumelos, podem ter efeito similar ao do escitalopram, medicamento muito utilizado no tratamento de transtornos depressivos moderados e graves em conjunto com psicoterapia. 

“Acho que é justo dizer que os resultados indicam esperança de que possamos estar olhando para um tratamento alternativo promissor para a depressão”, declarou o chefe do centro de pesquisa psicodélica do Imperial College, Robin Carhart-Harris ao The Guardian

Segundo o médico, a psilocibina tem um funcionamento diferente do escitalopram, apesar dos dois atuarem no sistema de serotonina do cérebro, o fármaco atua auxiliando os pacientes a tolerarem o estresse com maior facilidade. Já os psicodélicos realizam uma espécie de liberação de pensamentos e sentimentos, que devem ser guiados com consultas a um psicólogo

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Médico faz alerta

Robin Carhart-Harris alerta que pessoas com depressão não devem utilizar os cogumelos psicodélicos. Crédito: Imperial College of London

Robin Carhart-Harris recomendou fortemente que as pessoas não procurem tratar seus transtornos depressivos com cogumelos psicodélicos. “Isso seria um erro de julgamento. Acreditamos fortemente que o componente da psicoterapia é tão importante quanto a ação da droga”, declarou o médico. 

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Durante o ensaio, 30 de 59 adultos diagnosticados com depressão foram alocados para receber duas doses de 25mg de psilocibina com um intervalo de três semanas entre uma dose e outra. Depois da primeira dose, eles passaram a tomar um placebo diariamente. 

Os outros 29 participantes receberam uma dose baixa do psicodélico com as mesmas três semanas de intervalo. Isso foi feito para garantir que eventuais diferenças nos resultados entre os diferentes grupos não fossem devidas à expectativa de receber a psilocibina. Após esta pequena dose, eles iniciaram o tratamento com doses escalonadas de escitalopram. 

Dinâmica dos ensaios

No futuro, a psilocibina poderá ser utilizada em conjunto com medicamentos como o escatilopram. Crédito: Wikimedia Commons

Cada sessão de psilocibina durou cerca de seis horas e gerou nos voluntários um efeito psicoativo conhecido popularmente como “viagem”, que durou entre três e quatro horas para os que tomaram doses de 25mg. Toda a atividade foi supervisionada por profissionais de saúde mental, os pacientes foram colocados deitados de costas, apoiados em travesseiros e estimulados a ouvir música erudita. 

Os 59 participantes participaram de sessões de psicoterapia no dia seguinte à experiência com o psicodélico e uma chamada de vídeo com o profissional na semana seguinte. “A terapia com psilocibina, como previmos, funciona mais rapidamente do que o escitalopram”, disse Carhart-Harris. 

Ele alertou, porém, que os resultados ainda não são conclusivos e serão necessárias outras rodadas de ensaios para entender melhor o funcionamento da substância no tratamento da depressão. Segundo o médico, ainda será preciso levantar muito mais dados para que medicamentos com a psilocibina possam ser usadas fora de ambientes de pesquisa. 

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