Pesquisadores da Universidade da California em Berkeley, nos Estados Unidos, desenvolveram um novo cão-guia robô capaz de auxiliar deficientes visuais. O projeto foi apresentado em um artigo pré-publicado na plataforma online arXiv e pode ajudar humanos a caminhar com segurança, sem bater em objetos ou tropeçar em obstáculos. 

Os cães-guia são cachorros especialmente treinados para ajudar pessoas que não enxergam a se moverem e há algumas décadas têm desempenhado um papel fundamental na sociedade. No entanto, esse treinamento pode ser bastante demorado e os cães, por serem animais de personalidade, podem, por exemplo, se distrair com algo que tire o foco deles. 

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“Um cão-guia bem comportado geralmente precisa ser selecionado e treinado individualmente”, disse Zhongyu Li, pesquisador do Hybrid Robotics Group da UC Berkeley ao site TechXplore. “Além disso, as habilidades de um cão não podem ser transferidas para outro. Isso torna o treinamento dos cães-guia demorado e trabalhoso, e o processo não é facilmente escalonável”, completou. 

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Os robôs quadrúpedes, que são popularmente chamados de cães-robôs, têm se tornado cada vez mais populares e acessíveis, além de fáceis de se fabricar em grande escala. “Os algoritmos desenvolvidos em um cão-guia robótico podem ser facilmente implantados em outro robô”, explica Li. 

É robô, mas é treinado

Cão-Guia Robô é desenvolvido com base no robô quadrúpede Cheetah. Crédito: Hybrid Robotics Group

Os protótipos desenvolvidos pelo laboratório em Berkeley possuem algumas características que os diferenciam do Spot, da Boston Dynamics, por exemplo. “Nosso cão-guia é baseado em um pequeno robô quadrúpede chamado Mini Cheetah, equipado com um LiDAR 2D para detectar o ambiente”, detalha Zhongyu Li. 

O robô também possui uma câmera presa em um estabilizador para rastrear a posição do ser humano que está sendo conduzido, uma coleira para guiar o usuário e um sensor de força na coleira para medir a força sendo aplicada pela pessoa no robô e vice-versa. 

Esse não é o primeiro protótipo de um robô que atue como um guia para deficientes visuais, no entanto, outros projetos utilizam braços robóticos rígidos que ajudam as pessoas a contorná-los. Por sua vez, o cão-guia do time de Berkeley é preso em uma guia como a usada nos cachorros, que se estica e se afrouxa a depender da vontade do usuário. 

Isso traz uma maior flexibilidade para o usuário e também confere maior naturalidade nos movimentos e posições tanto do robô, quanto do humano. Além disso, permite que o equipamento seja utilizado em uma gama maior de ambientes diferentes. 

Um passo de cada vez

Até o momento, os pesquisadores não testaram o cão-guia robô com pessoas que sejam deficientes visuais. Os experimentos foram feitos com pessoas que enxergam, mas estavam vendadas, o objetivo era que o robô guiasse o voluntário por um trajeto específico evitando colisões com obstáculos próximos. 

Os primeiros resultados foram bastante promissores, já que o robô conseguiu guiar os participantes com sucesso até o destino sem colisões. Todos os testes foram feitos em ambientes internos, porém, desordenados, o próximo passo é iniciar experimentos em ambientes abertos e, posteriormente, locais complexos, como cruzamentos e semáforos. 

Com informações do TechXplore 

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