De acordo com um estudo que contou com mais de 170 mil adultos no Reino Unido, os vegetarianos parecem ter um perfil de biomarcador mais saudável do que pessoas que consomem carne. E isso independe de fatores como idade e peso, e também não tem relação com o hábito de fumar ou com a ingestão de álcool. A pesquisa foi apresentada nesta segunda-feira (10), na edição 2021 do Congresso Europeu sobre Obesidade (ECO), segundo a Medical Xpress.

Liderados por cientistas da Universidade de Glasgow, na Escócia, os pesquisadores utilizaram informações de pessoas saudáveis, entre 37 a 73 anos, provenientes do banco de dados de saúde e genética UK Biobank. Todos os participantes diziam não terem feito grandes mudanças na dieta nos últimos cinco anos. Do total da amostra, 4.111 pessoas eram vegetarianas (não consumiam carne vermelha, de aves ou de peixes), e outros 166.516 participantes comiam carne. 

Adeptos da alimentação desprovida de carne podem ser menos propensos a doenças como câncer, diabetes e problemas cardiovasculares. / Imagem: RossHelen – Shutterstock

Foram examinados 19 biomarcadores de sangue e urina relacionados a diabetes, doenças cardiovasculares, câncer, fígado, saúde óssea e articular e função renal. E, mesmo ao considerar fatores potencialmente influentes, como idade, sexo, educação, etnia, obesidade, tabagismo e ingestão de álcool, a análise observou que, em comparação com comedores de carne, os vegetarianos tinham níveis significativamente mais baixos de importantes indicadores: 

  1. colesterol total; 
  2. colesterol de lipoproteína de baixa densidade (LDL), conhecido por “colesterol ruim”;
  3. apolipoproteína A, ligada a doenças cardiovasculares;
  4. apolipoproteína B, também relacionada a doenças cardiovasculares; 
  5. gama-glutamil transferase (GGT), marcador de função hepática que demonstra inflamação ou dano às células;
  6. alanina aminotransferase (AST), marcador com perfil semelhante ao anterior; 
  7.  nível de IGF-1, hormônio que estimula o crescimento e a proliferação de células cancerosas;
  8. urato; 
  9. proteína total e 
  10. creatinina (esses três últimos, marcadores de piora da função renal).

Isso significa que os adeptos da alimentação desprovida de carne podem ser menos propensos a doenças como câncer, diabetes e problemas cardiovasculares.

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Níveis mais baixos também de biomarcadores benéficos

Em compensação, os vegetarianos da pesquisa também apresentaram níveis mais baixos de biomarcadores benéficos, como lipoproteína de alta densidade (HDL ou colesterol “bom”). Os índices de vitamina D e cálcio nessas pessoas também são prejudicados. Esses biomarcadores são ligados à saúde óssea e das articulações. 

Outro fator prejudicial para aqueles que não comiam carne é que eles tinham níveis significativamente mais elevados de gorduras (triglicerídeos) no sangue e cistatina-C (sugerindo uma pior condição renal).

Importante ressaltar que, como o estudo é observacional, os pesquisadores dizem que as conclusões não devem ser consideradas como causa e efeito diretos. Segundo o PhD em Ciências Cardiovasculares e Biomédicas, Carlos Celis-Morales, líder da pesquisa, os resultados também se dão pelo fato de que os vegetarianos, geralmente, têm dietas mais variadas e nutritivas.

“Além de não comer carnes vermelhas e processadas, que têm sido associadas a doenças cardíacas e alguns tipos de câncer, as pessoas que seguem uma dieta vegetariana tendem a consumir mais verduras, legumes, frutas e oleaginosas, que contêm mais nutrientes, fibras e outros compostos potencialmente benéficos”, explica.

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