Como um projeto de lei pode complicar parceria entre Nasa e SpaceX (e favorecer a Blue Origin)?

Notícia é boa para a Blue Origin, de Jeff Bezos, que perdeu um contrato bilionário de construção de embarcação para a SpaceX, de Elon Musk
Por Rafael Arbulu, editado por Rafael Rigues 15/05/2021 19h02, atualizada em 17/05/2021 10h30
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Cape Canaveral: An astronaut suit at the NASA Kennedy Space Center in Cape Canaveral Florida USA. It is part of a region known as the Space Coast, and is the site of the Cape Canaveral Air Force Station. Many U.S. spacecraft have been launched from both the station and the Kennedy Space Center on adjacent Merritt Island
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Um projeto de lei nos EUA pode complicar a Nasa, que tem um contrato bilionário com a SpaceX na construção de um novo módulo de pouso (“lander”) – favorecendo a Blue Origin no processo. O contrato em questão tem valor de US$ 2,9 bilhões (R$ 15,29 bilhões na conversão direta) para a empresa de Elon Musk, que venceu a companhia de Jeff Bezos em licitação nos EUA.

No mês de abril, a Nasa escolheu a SpaceX para construir o seu primeiro módulo de pouso lunar desde 1972, o que levou a uma onda de protestos por parte de legisladores, bem como das duas empresas derrotadas – Blue Origin e Dynetics.

Segundo as reclamações a Nasa deveria ter escolhido duas empresas, como originalmente planejado, ao invés de uma. As manifestações foram vocais o suficiente para que o governo decretasse uma pausa emergencial no contrato vencido pela SpaceX.

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Embora a SpaceX (foto) tenha vencido contrato bilionário com a Nasa, um novo projeto de lei no senado americano pode forçar agência a favorecer a concorrente Blue Origin. Imagem: Sundry Photography/Shutterstock

Pelo novo projeto, proposto pela senadora democrata Maria Cantwell, da Califórnia (mesmo estado onde fica a sede da empresa de Jeff Bezos), a Nasa teria a obrigação de reabrir o processo de licitação e usar todo o seu orçamento de US$ 10 bilhões (R$ 52,72 bilhões) para contratar uma segunda empresa, que construiria uma segunda opção de módulo de pouso.

Vale lembrar que a agência espacial deveria, segundo as normas, ter escolhido duas empresas. Pelos processos de licitação impostos, uma segunda opção deveria ficar de prontidão caso a primeira selecionada, por qualquer razão, ficasse indisponível. Neste caso, porém, a Nasa ficou apenas com a SpaceX, já que seu orçamento pedido era a metade do proposto pela Blue Origin. Isso irritou legisladores e competidores.

“Era o melhor interesse da Nasa que, com base no orçamento disponível, nós selecionássemos apenas uma [empresa]”, disse a chefe de voos espaciais de tripulação humana da Nasa, Kathy Lueders, que liderou a decisão em favor da SpaceX em abril.

A agência ainda argumenta que o projeto de lei não facilita a continuidade do projeto: “Não é algo simples como escolher a próxima [empresa] da fila”, disse uma fonte ao The Verge. Segundo ela, reabrir uma licitação deste tipo não só colocaria em risco a parceria já firmada com a SpaceX, mas poderia atrasar um esperado projeto da Nasa de retornar à Lua até 2024. A Blue Origin, porém, argumenta que justamente a não escolha de um segundo construtor é que coloca o projeto em risco.

O contrato da Nasa com a SpaceX prevê duas missões à Lua, ambas usando a nave Starship da empresa, projetada para ser reutilizável. A primeira missão seria com uma nave não tripulada, enquanto a segunda espaçonave levaria astronautas.

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Jornalista formado pela Universidade Paulista, Rafael é especializado em tecnologia, cultura pop, além de cobrir a editoria de Ciências e Espaço no Olhar Digital. Em experiências passadas, começou como repórter e editor de games em diversas publicações do meio, e também já cobriu agenda de cidades, cotidiano e esportes.

Redator(a)

Rafael Rigues é redator(a) no Olhar Digital