Curiosidades sobre o Eclipse Total da Lua de 26 de maio

Por Marcelo Zurita, editado por Layse Ventura 21/05/2021 19h27, atualizada em 26/05/2021 08h14
Eclipse Lunar Visto da Lua
Eclipse Lunar Visto da Lua. Créditos: Lucien Rudaux
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Fase total do eclipse não será visível do Brasil, apenas a fase parcial e penumbral

Lua avermelhada de eclipse sobre as Montanhas Chiricahua, no Arizona.
Créditos: Fred Espenak/MrEclipse.com
Lua avermelhada de eclipse sobre as Montanhas Chiricahua, no Arizona.
Créditos: Fred Espenak/MrEclipse.com

Se você estava com saudade de um eclipse lunar, saiba que na próxima quarta, 26 de maio, haverá o primeiro Eclipse Total da Lua de 2021, mas não será dessa vez que vamos matar essa saudade. Infelizmente, apenas algumas localidades do Brasil poderão observá-lo, e de forma parcial. Ainda assim, vamos aproveitar para conhecer algumas curiosidades a respeito desse evento.

Um Eclipse Lunar ocorre quando Lua, Terra e Sol encontram-se em alinhamento no espaço. Nesse momento, a Lua passa pelo cone de sombra projetado pela Terra e por isso, ela é escurecida por algum tempo. Todos aqueles que estão na metade do globo que tem visibilidade para a Lua podem observar o eclipse.

Eclipse lunar ocorre quando a Lua passa pelo cone de sombra da Terra. 
Fonte: timeanddate.com
Eclipse lunar ocorre quando a Lua passa pelo cone de sombra da Terra.
Fonte: timeanddate.com

E é aí que está a primeira grande curiosidade a respeito desse eclipse de 26 de maio: será o Eclipse Lunar Total menos visto dos últimos tempos. Isso porque a área de visibilidade dele será, justamente, a metade menos habitada do planeta. Apenas aqueles que estiverem no Oceano Pacífico, Antártida, Nova Guiné, parte da Austrália e especialmente, na Nova Zelândia, Havaí e nas ilhas da Polinésia e Micronésia, poderão ver todas as fases do eclipse.

Metade da Terra que terá visibilidade da Lua no momento do eclipse - Fonte: Wikimedia
Metade da Terra que terá visibilidade da Lua no momento do eclipse – Fonte: Wikimedia

Algumas regiões do Sul da América do Sul, Oeste da América do Norte e Leste Asiático ainda poderão contemplar a fase total, mas aqui no Brasil, somente algumas áreas poderão ver apenas a fase parcial do eclipse, no final da madrugada do dia 26. Em especial o Acre, que poderá ver mais 80% da Lua encoberta pela sombra da Terra.

Em amarelo, áreas do Brasil que poderão observar o eclipse, na fase parcial, ao final da madrugada de 26 de maio - Fonte: timeanddate.com
Em amarelo, áreas do Brasil que poderão observar o eclipse, na fase parcial, ao final da madrugada de 26 de maio – Fonte: timeanddate.com

Quando o eclipse atinge sua totalidade, a Lua assume uma coloração avermelhada. E vocês sabiam que o mesmo fenômeno que torna a Lua avermelhada durante um eclipse é o que faz nosso céu ser azul durante o dia e alaranjado no pôr do Sol?

O fenômeno conhecido como Dispersão de Rayleigh explica (entre outras coisas) a dispersão da luz do Sol enquanto ela viaja através da atmosfera. Os gases da atmosfera terrestre refletem mais a componente azul da luz, por isso, o céu é azul durante o dia. Quando o Sol está próximo ao horizonte, como há muito mais atmosfera nessa direção, a quantidade de luz azul dispersada é muito maior, e ao retirar o azul da luz branca do Sol, sobra a luz amarela e alaranjada.

A componente azul da luz branca do Sol é espalhada pela Dispersão de Rayleigh quando atravessa a atmosfera da Terra, tornando o céu azul, o pôr do Sol alaranjado e a Lua vermelha durante um eclipse lunar. Gráfico: Marcelo Zurita
A componente azul da luz branca do Sol é espalhada pela Dispersão de Rayleigh quando atravessa a atmosfera da Terra, tornando o céu azul, o pôr do Sol alaranjado e a Lua vermelha durante um eclipse lunar. Gráfico: Marcelo Zurita

E se pudéssemos observar um eclipse lunar total a partir da Lua, veríamos a Terra ocultando completamente o Sol, mas ainda veríamos a Coroa Solar e uma espécie de anel avermelhado em torno da Terra, formado pela luz do Sol refletida na atmosfera. A luz seria vermelha porque a componente azul seria completamente espalhada pela dispersão de Rayleigh. E é essa luz avermelhada que pinta e a Lua durante o eclipse total.

Eclipse Lunar Visto da Lua. Créditos: Lucien Rudaux
Eclipse Lunar Visto da Lua. Créditos: Lucien Rudaux

Evidentemente que a humanidade precisou de muitos séculos de estudos para chegar nessa explicação científica. Os povos antigos tinham explicações mitológicas ou baseadas em lendas e algumas eram bem mais divertidas.

Os Incas, por exemplo, acreditavam que o vermelho era o sangue da Lua, que estava sendo devorada por um jaguar. Isso servia de pretexto para eles tomarem uma chicha (bebida alcoólica produzida pelos povos andinos a base de milho e outros cereais) e fazerem uma algazarra aqui na Terra, na tentativa de espantar esse suposto felino cósmico, antes que ele resolvesse vir até aqui pra comer todo mundo.

Algazarra inca para tentar espantar o jaguar que devorava a Lua durante um eclipse. Créditos: Leonard de Selva
Algazarra inca para tentar espantar o jaguar que devorava a Lua durante um eclipse. Créditos: Leonard de Selva

Daqui do Brasil, não poderemos espantar esse jaguar dessa vez, mas vai valer a pena apreciar a Lua na noite do Eclipse. De terça (25) para quarta (26), ela estará cheia e próxima do perigeu, seu ponto mais próximo da Terra, onde ela aparenta ser 14% maior e até 30% mais brilhante.

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Marcelo Zurita
Colunista

Pres. Associação Paraibana de Astronomia; membro da Sociedade Astronômica Brasileira; diretor técnico da Rede Brasileira de Observação de Meteoros – e coordenador regional do Asteroid Day Brasil

Layse Ventura
Editor(a) SEO

Layse Ventura é jornalista (Uerj), mestre em Engenharia e Gestão do Conhecimento (Ufsc) e pós-graduada em BI (Conquer). Acumula quase 20 anos de experiência como repórter, copywriter e SEO.