Cientistas da Universidade de Miami conduziram um estudo voltado à possibilidade de erupção do Mauna Loa, o maior vulcão do mundo, localizado no Havaí. Dados coletados pelo Radar Sintético Interferométrico de Abertura (do inglês, “InSAR”) mostram que o vulcão apresentou intrusões de magma sob a superfície nos últimos anos, e um terremoto mais forte poderia desencadear um episódio de escape desse magma.

“Um terremoto de magnitude 6 (segundo a escala Richter) ou maior poderia aliviar o estresse gerado pela incursão de magma dentro de uma falha subhorizontal localizada no lado oeste do vulcão”, disse Bhuvan Varugu, candidato ao Ph.D pela Escola Rosenstiel da Universidade de Miami e chefe do estudo. Para fins de comparação, entre 100 e 150 terremotos dessa magnitude ocorrem anualmente.

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Imagem mostra a caldeira do Mauna Loa, um vulcão no Havaí: cientistas vêm chamando a atenção para a possibilidade de uma erupção deste que é o maior vulcão do mundo
O Mauna Loa é o maior vulcão do mundo, com 90km de largura e 4.169 metros de altura. Imagem: Gary Gilardi/Shutterstock

Segundo os dados do InSAR, entre 2014 e 2020, cerca de 0,11 quilômetros de “novo magma” entrou em uma estrutura com o formato de um dique, localizada sob e ao sul da caldeira no topo, com um limite superior entre 2,5 e 3 quilômetros de profundidade abaixo do pico.

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Em 2015, os pesquisadores determinaram que o magma começou a se mover na direção sul, onde a disposição topográfica do terreno trazia menor elevação e, consequentemente, menos dificuldade para o magma se mexer.

Em 2017, a incursão desse “novo magma” parou, mas o volume acrescido nos anos anteriores começou a retornar para sua posição original de 2014 e 2015.

“No caso do Mauna Loa, as movimentações laterais e erupções são bastante ligadas”, disse Varugu ao portal Phys.org. “A entrada do novo magma começou em 2014, depois de mais de quatro anos de movimentação em direção ao lado leste, para o mar – o que abriu espaço na região da fenda para que o magma adentrasse”.

Os pesquisadores ainda alertam que, para a possibilidade de erupção, o maior vulcão do mundo não precisa necessariamente de um terremoto – tal evento seria apenas um gatilho com mais energia entre muitos outros: “A carga topográfica [da região] já é bem pesada, o magma também poderia se propagar lateralmente pela área de fenda”, disse Varugu.

Outro pesquisador do estudo, o professor Falk Amerlung, do departamento de geociências da Universidade de Miami, disse que um terremoto, porém, poderia ser a mudança mais significativa a desencadear uma erupção: “Isso liberaria gases do magma da mesma forma que ocorre quando você chacoalha uma garrafa de refrigerante, gerando pressão extra e flutuação suficientes para destruir a rocha acima do magma”.

Segundo especialistas, o Mauna Loa é um vulcão relativamente jovem (algo entre 600 mil e um milhão de anos), e chama a atenção pelo seu rápido crescimento ao tamanho massivo pelo qual o conhecemos hoje.

Ele já teve diversos episódios de erupção ao longo de sua história – com destaque para 1942, quatro meses após o ataque japonês a Pearl Harbor durante a Segunda Guerra Mundial, bem como o mais recente, em 1984.

Felizmente, a maior parte de suas erupções não foram do tipo explosivo (pense naquela “cuspida” de lava expelida pelo topo, como se vê em alguns filmes) e se parecem mais com um “vazamento”.

Não que isso seja livre de perigos: em uma erupção particularmente evidente em 1950, a lava levou apenas três horas para chegar à costa de Kailua-Kona, a ilha mais próxima. Segundo censo realizado em 2019, a ilha conta com pouco mais de 15 mil habitantes.

Tanto em 1950 como em 1984, ambas as erupções foram precedidas, poucos dias antes, de terremotos de seis pontos na escala Richter. E dado o fato de que o maior vulcão do mundo está “dormindo” há 37 anos, os cientistas acreditam que um terremoto do tipo possa ser iminente. Entretanto, nenhum deles posicionou estimativas de tempo.

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