Uma equipe de cientistas da Nasa encontrou sinais da presença de sais orgânicos – ou seja, sais que contém carbono em sua composição – em Marte, adicionando mais um ponto de análise à exploração do planeta vermelho.

Segundo os especialistas, a presença de sais orgânicos pode ser um indício da capacidade de habitação que Marte possa ter tido no passado, embora eles não sejam “prova de vida”. Por conterem carbono, esses compostos podem ser remanescentes de alguma atividade biológica no passado, porém não devem ser entendidos como “vida alienígena”.

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Imagem mostra o solo de Marte, onde sinais de sais orgânicos foram encontrados pelo robô Curiosity da Nasa
Imagens feitas pelo percurso do rover Curiosity, da Nasa, em missão de exploração em Marte: robô recentemente encontrou sinais de sais orgânicos no planeta vermelho. Imagem: Nasa/Caltech/Divulgação

“Se nós determinarmos que há sais orgânicos concentrados em qualquer lugar de Marte, nós vamos investigar essas regiões com mais profundidade e, idealmente, perfurar mais fundo abaixo da superfície, onde matéria orgânica pode ter sido preservada”, disse James M. T. Lewis, um geoquímico orgânico que liderou a pesquisa e que está baseado no centro de voo Goddard da Nasa, em Maryland. As conclusões foram publicadas no Journal of Geophysical Research em 30 de março de 2021.

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Os traços foram identificados pelo rover Curiosity, por meio de um mini laboratório de testes de amostras de solo coletadas pelo robô explorador da Nasa em Marte. O funcionamento deste recurso remoto, basicamente, resume-se a esquentar o solo do planeta vermelho a ponto de ele liberar gases cuja composição é estudada pelas ferramentas do robô. O problema, porém, é o de que essa análise não é a mais precisa: a ação de esquentar o solo produz apenas gases simples, e seus resultados comumente podem ser reproduzidos com diferentes amostras – em outras palavras: podem ser sais orgânicos? Sim, mas essa mesma composição pode vir de outras fontes.

Vale lembrar também que o solo de Marte é um acometido por bilhões de anos de exposição à radiação, que poderia facilmente destruir qualquer matéria orgânica presente. Os dados coletados pelo Curiosity são enviados à equipe da Nasa na Terra em pedaços, com Lewis e o seu time tentando juntá-los em algo que faça sentido. Não é muito diferente, por exemplo, de um arqueólogo que encontra pedaços de vasos antigos e tenta fazer uma colagem.

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“Estamos tentando desvendar bilhões de anos de química orgânica”, disse Lewis. “E nesse registro orgânico, pode estar o maior prêmio: evidências de que a vida pode ter existido no planeta vermelho”. Vale lembrar que a presença de carbono é o indicativo primário de referência para uma matéria orgânica – segundo os padrões humanos -, mas não necessariamente significa “vida”.

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