Segundo um estudo realizado pela pesquisadora da Escola de Psicologia da University of New South Wales Science (UNSW), Dra. Kate Faasse, as redes sociais estão exagerando informações a respeito dos efeitos colaterais da vacina contra a Covid-19, causando insegurança na campanha de vacinação da Austrália.

“Estudos mostram que as pessoas são mais propensas a compartilhar suas experiências negativas nas redes sociais do que as positivas – então o que você vê online não é toda a história, ou necessariamente a mais provável”, explicou a especialista.

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De acordo com o Medical Xpress, a pesquisa aponta que pessoas tendem prestar mais atenção em publicações negativas. A tendência, chamada de “viés negativo”, inclui informações sobre vacinas e seus efeitos colaterais.

Redes sociais estão exagerando efeitos da vacina contra Covid-19, diz pesquisadora. Imagem: Shutterstock
Redes sociais estão exagerando efeitos da vacina contra Covid-19, diz pesquisadora. Imagem: Shutterstock

“Saber isso sobre nós mesmos e ter certeza de que estamos atentos às informações positivas também pode ajudar a garantir que estejamos recebendo informações mais equilibradas sobre as vacinas”, acrescentou a pesquisadora.

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O intuito do estudo é descobrir maneiras de aumentar a aceitação pela vacina e ainda entender o fenômeno entre pessoas que recebem placebo ao invés do fármaco e mesmo assim apresentam experiências colaterais.

Um turbilhão informações

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Outro ponto que a pesquisadora indica é a sobrecarga de informações sobre as vacinas contra a Covid-19 nas redes sociais. Segundo a Dra. Faasse, estudos já mostraram que os efeitos prejudiciais das informações das redes sociais podem se traduzir em efeitos colaterais reais.

Por exemplo: em um dos testes, pesquisadores deram a todos os candidatos pílulas de placebo dizendo se tratar de um fármaco ativo. Parte dos voluntários se informaram apenas por um folheto sobre possíveis efeitos colaterais, já a outra parte foi colocada em uma situação proposital com um outro participante ator do estudo relatar diversos efeitos colaterais.

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“Mesmo que todos no estudo tomassem uma pílula de açúcar, as pessoas que viram alguém falar sobre seus efeitos colaterais também tiveram mais efeitos colaterais”, contou a Dra. Faasse.

A psicóloga acredita que as pessoas que estão postando em suas redes sociais sobre efeitos colaterais provavelmente também estão sendo influenciadas por outras publicações que falem sobre o tema. Na última semana, uma pesquisa revelou que um terço dos australianos provavelmente não seriam vacinados e que a maior preocupação entre eles seriam os efeitos da vacina, causando preocupação em médicos.

Prêmios por tomar a vacina

Em alguns estados dos Estados Unidos, como Califórnia e Ohio, foram organizados sorteios com prêmios para quem se vacinasse. O objetivo era incentivar a população americana a se imunizar e a estratégia aumentou a taxa de vacinação em 28%. Em Hong Kong, por exemplo, o “brinde” prometido no sorteio entre os vacinados foi um apartamento.

“Quando estamos falando de quantias de dinheiro que mudam vidas, as pessoas começam a imaginar o que fariam com ele se ganhassem, e depois de mais de um ano de restrições à pandemia e muitas dificuldades, isso é uma sensação agradável”, disse Feesse, ressaltando que, entretanto, nem sempre a intenção funciona como o esperado.

“Este grupo de pessoas pode se preocupar que a vacina seja arriscada se elas forem pagas para tomá-la e, suspeitar dos motivos do governo para oferecer a forma de pagamento.”

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A vacina da Covid-19 tem efeitos colaterais ou não tem?

Estudos mostram que, apesar de haver a possibilidade de efeitos colaterais, os sintomas são leves e moderados.

Uma pesquisa do Reino Unido, onde um aplicativo foi usado para registrar os efeitos colaterais das vacinas Pfizer e AstraZeneca, descobriu que quatro em cada cinco pessoas que receberam a vacina Pfizer e três em cada cinco que receberam a AstraZeneca não tiveram efeitos colaterais sistêmicos – dor de cabeça e fadiga. Entre os que sentiram algum efeito, os sintomas foram moderados e por um curto período.

Redes sociais estão exagerando efeitos da vacina contra Covid-19, diz pesquisadora. Imagem: Shutterstock
Redes sociais estão exagerando efeitos da vacina contra Covid-19, diz pesquisadora. Imagem: Shutterstock

O estudo ainda ressaltou que, dentre os que não tiveram nenhum efeito colateral, nenhum foi às redes sociais contar a experiência positiva.

“Saber quantas pessoas não apresentam efeitos colaterais é importante – nos dá uma visão mais realista do que esperar e nos ajuda a nos concentrar nos benefícios dessas vacinas”, afirmou a médica.

A importância da mídia

A atuação da mídia também tem sido avaliada por estudiosos e vem apontando que a divulgação sobre os efeitos colaterais também pode aumentar o relato de outras pessoas sobre seus próprios sintomas colaterais.

“A cobertura da mídia que se concentra nos efeitos colaterais, como coágulos sanguíneos raros da vacina Astra Zeneca, pode ter um impacto muito poderoso nas próprias preocupações e experiências das pessoas”, explicou.

Para a médica, o governo australiano tem se esforçado para manter a transparência a respeito de efeitos colaterais com as vacinas, mas é preciso se concentrar em informações que tenham contexto e mostrem equilíbrio para conseguir mudar a opinião das pessoas, por minoria que ela seja.

“Devemos concentrar os recursos no fornecimento de informações e garantias às pessoas que atualmente não têm certeza sobre a vacinação contra a Covid-19.”

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