Cientistas vêm estudando o asteroide 16 Psyche há anos, e o consenso científico é o de que, devido à sua composição, ele seria o núcleo intacto de um planeta que não conseguiu se desenvolver completamente. Um novo estudo, conduzido pela Universidade do Arizona, porém, pode revelar uma origem bem diferente – e bem menos elegante – para ele.

Segundo estudo assinado por David Cantillo, estudante de graduação da instituição, o 16 Psyche tem a seguinte composição: 82,5% de metal, 7% de piroxena com baixo teor de ferro e 10.5% de condrito carbonáceo – este último, provavelmente originado do impacto com outros asteroides menores.

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Renderização em 3D mostra o asteróide 16 Psyche, que pode ter uma origem diferente daquela que cientistas imaginaram
Do luxo ao lixo? Asteróide 16 Psyche já foi considerado o núcleo intacto de um planeta não desenvolvido, mas novo estudo indica que ele pode ser só uma pilha de escombros. Imagem: Maxar/ASU/P.Rubin/NASA/JPL-Caltech

Cantillo e seus coautores estimam que o asteroide tem uma densidade aparente – ou “porosidade” – de 35%. Basicamente, esse percentual indica o quanto de massa um corpo tem dentro de si ou o quão oco ele é.

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Na prática, essas estimativas indicam que, ao invés de um corpo planetário que não se desenvolveu, o 16 Psyche é na verdade uma pilha de escombros desgarrada de algo maior. Anteriormente, pensava-se que seu corpo tinha uma porosidade de 95% ou mais – basicamente, especialistas achavam que ele tinha muito mais “recheio”.

“Essa queda em seu conteúdo metálico e densidade aparente é interessante pois mostra que ele é bem mais modificado do que pensávamos”, disse Cantillo. “O 16 Psyche, visto como um escombro gigante, seria bastante inesperado, mas nossos dados continuam a mostrar estimativas de baixa densidade apesar de seu alto teor metálico”.

Trocando em miúdos: ele ainda tem muito metal, só não tanto quanto esperávamos. Pense nele como algo mais parecido com o asteroide Bennu.

Em termos de valor, as novas descobertas podem reduzir a quantidade de “zeros” em seu preço: anteriormente, pensava-se que o 16 Psyche teria um valor de US$ 10 mil quatrilhões (R$ 50.689 seguido de outros 15 “zeros”).

“Ter um conteúdo metálico inferior ao que se pensava antes significa que o asteroide pode ter sido exposto a colisões com outros corpos, contendo condritos carbonáceos mais comuns, que acabaram se depositando na superfície que observamos”, ressalta Cantillo. Essa mesma conclusão, vale lembrar, foi observada no asteroide Vesta, pela espaçonave Dawn, da Nasa.

De qualquer forma, a notícia não é ruim para estudiosos: por um lado, se o 16 Psyche for mesmo um núcleo intacto de um planeta, ele seria o primeiro de seu tipo a termos acesso nos próximos anos, ampliando nossa gama de estudos sobre objetos do espaço. Por outro, se ele não o for, então uma nova pergunta é posicionada: uma pilha de escombros desgarrada de quê?

As conclusões estimadas pelo estudo chefiado por Cantillo poderão ser confirmadas, em teoria, em alguns anos: a Nasa tem previsão de lançar uma missão de estudo do 16 Psyche em 2022, com chegada prevista para 2026. Até lá, as observações do asteróide continuarão seu curso.

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