Um grupo de pesquisadores da Curtin University, na Austrália, descobriu que o impacto causado por um asteroide que exterminou os dinossauros, há 66 milhões de anos, continua influenciando a vida microbiana da Terra. O estudo foi publicado na Frontiers in Microbiology.

O grupo, que estuda há algum tempo os microrganismos que vivem nas rochas no local onde o asteroide caiu, em Chicxulub, no México, usou sequenciamento de genes, contagens de células e experimentos de incubação para identificar os microrganismos. Os resultados mostraram que enquanto o impacto causou graves perturbações aos organismos e ecossistemas que vivem na superfície, a cratera que ficou após o impacto pode ser um lugar de alimento perfeito uma nova vida.

“O calor e a pressão do impacto criaram uma área esterilizada que causou a extinção localizada dos micróbios residentes”, disse Bettina Schaefer, do WA-Organic and Isotope Geochemistry Center (WA-OIGC) na Escola de Ciências da Terra e Planetária de Curtin, e autora do estudo. “No entanto, cerca de um milhão de anos após o impacto, a cratera esfriou a temperaturas baixas o suficiente para que a vida microbiana retornasse e evoluísse isolada da vida na superfície da Terra nos últimos 65 milhões de anos.”

Asteroide que matou os dinossauros ainda interfere na vida microbiana da Terra. Imagem: iStock/Peterschreiber
Asteroide que matou os dinossauros ainda interfere na vida microbiana da Terra. Imagem: iStock/Peterschreiber

Segundo o geomicrobiologista e professor associado Marco Coolen, também do WA-OIGC, foram encontradas bactérias nas rochas granitas que foram atingidas pelo impacto do asteroide e os fragmentos onde elas proliferaram não possuíam nutrientes e ainda estavam relativamente quentes (70C), mas, mesmo assim conseguiram se manter. A descoberta sugere, de acordo com o estudo, que “o impacto produziu um novo horizonte litológico que causou uma melhoria a longo prazo no potencial de colonização subterrânea profunda.”

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“As descobertas deram uma visão sobre a vida microbiana em ambientes extremos e como a vida se recupera de eventos extremos, como colisões de asteroides”, disse o professor Coolen. “Como a biosfera microbiana profunda desempenha um papel importante no ciclo global do carbono, é interessante investigar como as comunidades microbianas foram capazes de se recuperar desse evento geológico catastrófico”, acrescentou o especialista, ressaltando a importância de estudos do tipo para entender de que forma a biosfera profunda vem sendo moldada, além de entender as possibilidades de recuperação da vida diante de desastres naturais ou das causadas pelo homem.

“Com a crescente preocupação com um possível desastre ecológico gerado pelo homem ou impacto de um asteroide, a pesquisa sobre como a vida na Terra respondeu às principais mudanças ambientais, ecológicas e evolutivas, como extinções em massa do passado geológico, é crucial para uma maior compreensão da resiliência da vida na Terra, que é uma direção de pesquisa mais ampla.”

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