O Brasil pode ter tido um número muito maior de mortes de crianças por Covid-19 do que o relatado oficialmente. De acordo da organização global de saúde Vital Strategies, que trabalha em mais de 70 países ao redor do mundo, o país teve um número grande de subnotificação.

A organização analisou os registros e viu que em 2020 o país teve um número bem maior de crianças mortas com síndrome respiratória aguda grave, uma alta de 2.975 mortes, quando comparado com 2018 e 2019. Oficialmente, a Covid-19 levou 1.122 delas, mas os especialistas acreditam que a maior parte dos óbitos de crianças por SRAG tenham sido por coronavírus.

“O que vemos no Brasil é que o número de crianças que morrem com a Covid especificada como causa da morte é maior do que o que vemos em outros países do mundo – é 10 vezes maior”, explica a Dra. Ana Luiza Bierrenbach, epidemiologista em Vital Strategies, à CNN.

Para efeito de comparação, nos Estados Unidos, único país do mundo com mais mortes que o Brasil, cerca de 382 pessoas menores de 18 anos morreram de Covid-19, muito menos do que o registrado por aqui.

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Crianças e a Covid-19

Os pesquisadores acreditam que a causa disso seja a neglicencia com que crianças foram tratadas no começo da pandemia da Covid-19. A variante P.1 descoberta no Brasil não parece causar um número de óbitos de menores muito maior. “Crianças têm morrido mais no Brasil desde que a variante original estava aqui, então não foi a adição da variante P.1 que fez as crianças morrerem mais aqui do que em outros países”, completou Bierrenbach.

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“Muitos pediatras tinham certa resistência quando se tratava de solicitar exames Covid-19 para crianças, quando apresentavam aquele sintoma típico do trato respiratório – coriza, tosse, febre – praticamente todas as crianças apresentam esses sintomas desta vez do ano, no outono, e alguns médicos não os testavam”, disse o pediatra Dr. André Laranjeira.

Ainda segundo a organização, como crianças são consideradas menos vulneráveis ao vírus da Covid-19, os leitos de UTI são priorizados para os adultos. Nos centros urbanos o Brasil possui estrutura de atendimento suficiente para os menores de idade. No entanto, no interior do país a condições dos hospitais é precária, o que dificulta o tratamento. Mesmo com tudo isso, as taxas de mortes de crianças ainda são bem menores do que adultos.

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