Por Gilberto Dumont*

Neste exato momento, se você puder observar o Sol – com filtro solar específico – irá testemunhar algo simplesmente fantástico: uma mancha solar que caberiam 10 Terras enfileiradas dentro dela. Na verdade são três manchas principais, batizadas como AR 2835, 2836 e 2837, sendo a AR 2835 a maior de todas elas.

Estas manchas são resultado de uma enorme região ativa ocorrendo no Sol exatamente agora. A mancha surgiu no limbo leste do Sol há alguns dias, e vem crescendo desde então.

Alheio ao pandemônio que ocorre na Terra neste momento devido à pandemia, o Sol adentra em seu novo ciclo climático. Estes ciclos solares ocorrem aproximadamente a cada 11 anos, e desde o final do ano passado vem aumentando a ocorrência das chamadas manchas solares caracterizando o novo ciclo, de número 25, com previsões para sua máxima atividade em 2024.

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Assista:

À medida que a atividade solar aumenta, mais manchas cruzam a superfície do Sol, originando explosões com ejeção de massa coronal ou o lançamento de radiação e partículas carregadas pelo sistema solar. As manchas se caracterizam por regiões localizadas na fotosfera solar, formadas por zonas irregulares de plasma e que são contidas por um forte campo magnético.

Essa contenção magnética faz com que o plasma apresente temperatura menor que o restante da fotosfera e consequentemente, menos brilhante. Enquanto na fotosfera a temperatura chega a atingir 5 mil graus, as manchas solares apresentam temperaturas até 2 mil graus mais baixa.

Apesar de serem comuns, as manchas de maior tamanho normalmente apresentam características magnéticas bastante complexas, capazes de produzirem explosões solares de forte intensidade, aumentando a possibilidade de ejeções de massa coronal dirigidas à Terra. O efeito disso aqui varia entre a ocorrência de auroras boreais, interferências no nosso sistema de satélites e até mesmo o desligamento da rede elétrica no solo, como o que provocou um apagão no Canadá em 1989. Mas não há motivo para preocupação, já que as manchas são comuns de serem presenciadas e observatórios solares no espaço realizam o contínuo monitoramento do Sol.

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Os registros feitos pelo Observatório de Astronomia de Patos de Minas utilizaram de dois telescópios e câmeras distintas, sendo um telescópio com campo para todo o disco solar e outro com uma maior distância focal, proporcionando um grande aumento sobre as manchas, além de um filtro solar Thousand Oaks. As fotos e vídeos foram registrados ao meio-dia desta quarta-feira, 30 de junho (2021).

O sistema de nomenclatura das manchas utiliza um número sequencial atribuído a uma região ativa detectada. Esta numeração iniciou-se em 5 de janeiro de 1972 e desde então a NOAA (Administração Nacional Oceânica e Atmosférica), dos EUA, ficou responsável por essa organização.

Assim, o nome do grupo de manchas é composto da inicial “AR” (Active Region), seguida de um bloco de quatro números. Em 14 de junho de 2002 a NOAA chegou ao número 10000 e para manter a compatibilidade com o padrão adotado, resolveu-se suprimir o quinto dígito. Assim, a mancha solar AR2104 é na realidade AR12104, ou seja, já ultrapassamos de 12 mil manchas catalogadas pela NOAA.

*Gilberto Dumont, do Observatório Astronômico de Patos de Minas

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