China desenvolve secretamente drones submarinos que usam IA para bombardear inimigos

Por André Lucena, editado por Rafael Rigues 11/07/2021 23h40, atualizada em 12/07/2021 09h58
Ilustração de torpedo
Ilustração de torpedo. Créditos: Shutterstock
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Um artigo publicado no Journal of Harbin Engineering University na última sexta-feira (9) afirma que a China desenvolve secretamente drones submarinos que usam inteligência artificial para reconhecer, seguir e bombardear com torpedos um submarino inimigo sem instrução humana.

Financiado por militares, o projeto do veículo subaquático não tripulado (UUV) teria sido iniciado no começo dos anos 1990 e pode ter sido testado na costa da província oriental de Fujian ou no Estreito de Taiwan em 2010. O local é estratégico já que países como Estados Unidos e Japão levantaram a possibilidade de intervenção militar caso Pequim, que vê Taiwan como parte de seu território, tente tomar a ilha à força.

Possível local dos testes próximo ao Estreito de Taiwan
Possível local dos testes próximo ao Estreito de Taiwan.
Créditos: Harbin Engineering University

“As necessidades da futura guerra subaquática trazem novas oportunidades de desenvolvimento para plataformas não tripuladas”, disseram os pesquisadores no artigo. “Esses drones robóticos agora estão trabalhando principalmente individualmente, mas com atualizações tecnológicas para poderem patrulhar em grupos”, detalhou o professor Liang Guolong e colegas da Harbin Engineering University, o principal instituto de pesquisa de submarinos da China.

Grande parte dos drones submarinos têm computadores para ajudar a identificar ou rastrear alvos, mas os operadores de sonar ainda precisam fazer julgamentos sobre questões importantes, como a identificação de embarcações aliadas, com as decisões finais sendo tomadas pelo capitão. “A complexidade do ambiente externo significa que os humanos normalmente precisam ajustar o sonar de vez em quando para melhorar os resultados das buscas”, escreveu Liang.

Ele também ressalta que no submarino não tripulado, “todos os subsistemas, como aquisição de informações, detecção de alvos, avaliação, status e controle de parâmetros devem ter recursos de tomada de decisão completamente independentes”, tornando algumas tecnologias submarinas tradicionais “inúteis para uma plataforma não tripulada”.

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O submarino foi programado para patrulhar cerca de 10 metros abaixo da superfície seguindo uma rota predeterminada. Em outro local, os pesquisadores implantaram um drone subaquático simulado que replicava o ruído de um submarino. O submarino, então, mudou para o modo de combate assim que seus sonares captaram o sinal à distância.

Os pesquisadores explicaram que o veículo circulou em um padrão hexagonal e apontou suas matrizes de sonar para várias fontes de som, enquanto a inteligência artificial tentava filtrar o ruído ambiente e determinar a natureza do alvo. Um torpedo disparado pelo drone, que não foi carregado por razões de segurança, atingiu o submarino simulado.

“O teste foi a primeira tentativa da China de simular o rastreamento e afundamento de um submarino com a ausência total de humanos em um ambiente aberto”, conta o artigo.

Mapa mostra ação do drone submarino
Mapa mostra ação do drone submarino. Créditos: Harbin Engineering University

A publicação levanta a questão ética se “um assassino robótico deve ser solto para caçar e matar humanos já que submarinos não tripulados podem cometer erros e sua comunicação com comandantes humanos pode ser interrompida por inimigos”.

“No entanto, os militares dos EUA pediram à Boeing que construísse quatro UUVs extragrandes, e a Rússia recentemente implantou um novo submarino que pode lançar um drone nuclear com poder de fogo suficiente para destruir cidades. Israel e Cingapura, entre outros, testaram ou implantaram máquinas semelhantes nos oceanos”, afirmou Liang.

“Embora não haja nenhum registro de uso deles em uma batalha real, os submarinos não tripulados da China evoluíram desde então, incorporando melhorias na tecnologia de sonar, IA e comunicações para permitir que coordenem seus movimentos como uma frota e lancem ataques ao mesmo alvo de diferentes posições simultaneamente”, escreveu Liang, acrescentando que com uma fonte de alimentação de nova geração, eles poderiam se esconder por longos períodos para emboscar os inimigos.

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André Lucena
Ex-editor(a)

Pai de três filhos, André Lucena é o Editor-Chefe do Olhar Digital. Formado em Jornalismo e Pós-Graduado em Jornalismo Esportivo e Negócios do Esporte, ele adora jogar futebol nas horas vagas.

Redator(a)

Rafael Rigues é redator(a) no Olhar Digital