Um estudo publicado na revista biomédica Cell Press revelou que uma mutação importante em uma proteína viral pode ter ajudado o vírus por trás da Covid-19 a se transformar dos animais para as pessoas. De acordo com James Weger-Lucarelli, virologista da Virginia Tech, em Blacksburg, e um dos autores do estudo, “sem essa mutação, a pandemia não teria acontecido como aconteceu.”

De acordo com informações do Science News, ainda não está claro quando a mutação ocorreu, mas ela parece ter ajudado a proteína spike do vírus a se agarrar fortemente à versão humana de uma proteína hospedeira chamada ACE2, que o vírus usa para entrar e infectar células.

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A equipe analisou mais de 182.000 plantas genéticas do coronavírus, procurando sinais de mutações que poderiam ter ajudado o vírus da Covid-19 a se adaptar e se espalhar entre os humanos. De acordo com os resultados uma troca ocorre, substituindo o aminoácido treonina, encontrado coronavírus animal – como o do morcego – pelo aminoácido alanina, responsável pelo coronavírus da Covid-19.

Covid-19. Imagem: Sgutterstock
Covid-19: Mutação importante pode ter transformado o coronavírus animal para humano. Imagem: Shutterstock

Nenhum dos vírus “originais” – sem mutação – foi capaz de se segurar em células humanas como o atual. Além disso, também foi observado que o vírus vindo da mutação tem maior poder de replicação no pulmão humano do que versões mais antigas do vírus.

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Tudo a respeito da Covid-19 ainda é novo e cercado de mistérios, como por exemplo a pergunta: “De onde surgiu o coronavírus?”. Entretanto, os pesquisadores acreditam que entender como o vírus animal ganhou a capacidade de infectar pessoas pode ajudar a desenvolver maneiras de evitar futuras mutações, bem como criar vacinas e antivirais que sejam específicos para o tratamento contra o vírus transformado.

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Ainda de acordo com os especialistas, possivelmente essa não é a primeira vez que o fenômeno acontece. “É potencialmente uma entre várias”, diz Andrew Doxey, biólogo computacional da Universidade de Waterloo, no Canadá, que não esteve envolvido no estudo.

Chamada de mutação T372A, muitas questões que envolvem o desenvolvimento da mutação ainda estão pendentes e precisarão de novas pesquisas, afirma Arinjay Banerjee, virologista da Organização de Vacinas e Doenças Infecciosas da Universidade de Saskatchewan, no Canadá.

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Assim como não se sabe quem veio primeiro entre a galinha e o ovo, não se sabe se um coronavírus de morcego com treonina infectou as pessoas primeiro e, então, adotou uma alanina, ajudando o vírus a se transmitir com mais eficiência entre as pessoas. Ou se a alanina apareceu em morcegos – ou em outro animal – antes de se espalhar.

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