A seleção natural de Darwin moldou a evolução de todos os seres vivos, inclusive os vírus. Todavia, enquanto algumas mutações têm pouco impacto sobre o ser, outras se adaptam bem e persistem. É o caso da variante indiana do SARS-CoV-2, conhecida como Delta. Essa cepa já se espalhou por mais de 100 países ao redor do mundo, transformando-se em uma preocupação para a Organização Mundial da Saúde (OMS). Especialistas da agência acreditam que em breve essa variação do coronavírus se torne dominante em todo o globo. Vacinas continuam sendo a melhor linha de defesa.

Segundo o Medical Xpress, a variante Delta é a mutação do coronavírus mais transmissível até o momento – até 60% mais contagiosa do que a variante Alfa, por exemplo. Isso tem preocupado as pessoas – e também os especialistas em saúde. As pesquisas que prometem desvendar se a Delta causa ou não uma forma mais grave da Covid-19, contudo, ainda são limitadas.

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A OMS classificou a Delta como uma Variante de Preocupação (VOC). Outras três mutações do coronavírus estão nessa lista: a Alpha, que foi detectada pela primeira vez no Reino Unido, em setembro de 2020; a Beta, registrada na África do Sul, em maio do mesmo ano; e a Gamma, que teve amostras documentadas pela primeira vez no Brasil, em novembro.

Na semana passada, o Dr. Poonam Khetrapal Singh, diretor regional da OMS para o Sudeste Asiático, afirmou que é muito provável que a variante Delta se torne, em breve, a cepa do SARS-CoV-2 mais dominante globalmente. Pesquisadores e médicos também acreditam nessa possibilidade.

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Organização Mundial de Saúde (OMS) teme que variante Delta se torne dominante a nível mundial. Especialistas em saúde confirmam que vacinação em massa é o caminho mais seguro para frear a pandemia e proteger a população.

A Dra. Francesca Di Giallonardo, virologista australiana da UNSW (Universidade de Nova Gales do Sul), explica como o aumento da aptidão viral é caracterizado. De acordo com ela, isso acontece por meio da seleção natural, teoria culminada por Charles Darwin no século XIX. 

Significa que uma mutação “B” substituiu a forma original “A” porque se adaptou melhor ao meio. Implica também dizer que a variante B certamente possui anticorpos distintos da A, fazendo com que ela escape da pressão imunológica do corpo humano e se torne mais transmissível. É dessa forma que a Delta tem potencialidade de ser dominante ao redor do mundo, como já tem sido em vários países.

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“A previsão da infecciosidade de novas variantes não é trivial. De maneira geral, os vírus aumentam sua transmissibilidade. No entanto, é quase impossível prever qual variante vencerá essa corrida, bem como não há como saber quando o ponto de maior transmissibilidade se atingirá por uma dessas variantes”, atesta a Dra. Di Giallonardo.

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O monitoramento constante de tais variantes é crucial para identificar aquelas que realmente causam doenças mais graves. Nesse sentido, a OMS e o CDC (Centros de Controle e Prevenção de Doenças, dos Estados Unidos) têm buscado classificar as variantes emergentes pelo potencial de gravidade.

Para além, esses órgãos de saúde realizam uma observação sistêmica chamada de vigilância. O método consiste na coleta de dados sobre o número de infecções presentes para as diferentes variantes do vírus, sua disseminação geográfica e a gravidade da doença associada. Esses dados são essenciais para entender melhor como as mutações estão se espalhando pelos estados, países e globalmente.

Mas a vacina é o único meio conhecido (e seguro) para combater a Delta, conforme indica Di Giallonardo. “Temos uma infinidade de informações globais sobre a eficácia das diferentes vacinas. Sabemos como são eficientes na prevenção de doenças graves e na redução da transmissão”, complementou.

Outra virologista da mesma universidade, a Dra. Chantelle Ahlenstiel, confirma que as vacinas são eficazes contra as variantes, especialmente as vacinas de mRNA, como a da Pfizer. Esses imunizantes “dizem” ao corpo como produzir um tipo específico de proteína para combater o vírus. Além disso, como afirma Ahlenstiel, as vacinas de mRNA podem ser fabricadas de forma rápida e econômica.

Segundo os especialistas, a vacinação em massa é, portanto, o caminho mais adequado para combater as variantes e frear a pandemia.

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