Imagem: Aleksandra Gigowska - Shutterstock
Forte dor no braço após a picada da vacina contra a Covid-19 é um dos efeitos adversos mais comuns relatados por aqueles que já tomaram pelo menos uma das doses de qualquer um dos imunizantes. Essa reação é normal, juntamente com outras dores musculares e de cabeça, que são resultado da resposta do seu sistema imunitário à vacina. Diante desses quadros, muitas pessoas fazem automedicação, tomando, principalmente, remédios analgésicos indiscriminadamente.
Recentemente, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) emitiu um alerta sobre medicamentos que podem ser adquiridos sem receita médica e o perigo do uso descontrolado desses remédios.
De acordo com o órgão, o comunicado não visa proibir o uso, mas sim deixar a população atenta quanto às quantidades seguras a serem administradas, o intervalo recomendado entre as doses e por quanto tempo eles podem ser tomados sem que haja maiores riscos ao organismo.
Segundo dados do Conselho Federal de Medicina, 77% dos brasileiros fazem uso de medicamentos sem orientação médica. Em consequência disso, cerca de 30 mil pessoas são atendidas anualmente nas emergências apresentando quadros de intoxicação medicamentosa, de acordo com o Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas. A maior parte das ocorrências têm relação com uso de analgésicos, antiinflamatórios e antitérmicos.
De acordo com o Conselho Nacional de Saúde, os medicamentos de maior uso pela população brasileira são: anticoncepcionais, analgésicos, descongestionantes nasais, antiinflamatórios e alguns antibióticos, adquiridos no balcão da farmácia sem nenhuma dificuldade.
Para Murilo Freitas Dias, chefe da Farmacovigilância da Anvisa, uma grande preocupação da Anvisa é quanto ao uso de medicamentos promovidos por propagandas, recomendações de familiares, vizinhos, colegas, que faz parte da cultura do brasileiro e pode levar a risco e, em alguns casos, até a morte. “Esse consumo facilitado pelo acesso de uma parte da população aos medicamentos pode estar conduzindo ao uso indiscriminado de substâncias nocivas ao organismo”.
Leia mais:
Maria Eugênia Cury, presidente da Federação Nacional dos Farmacêuticos (Fenafar) e conselheira nacional, acredita que a cultura da automedicação foi introduzida nos hábitos do povo brasileiro de forma deliberada para que o mercado pudesse se expandir. “Existiu um preparo de mercado de medicamento no Brasil, onde durante muito tempo a legislação, as entidades, os órgãos responsáveis e a política de saúde permitiram que a indústria farmacêutica tivesse como criar o seu próprio espaço para ter mercado de medicamentos. Então, a exigência da receita médica ficou no papel. Houve responsabilidade de todos os lados para que este hábito se tornasse grave como está agora”, diz.
Segundo o Formulário Terapêutico Nacional produzido pelo Ministério da Saúde, o ácido acetilsalicílico, a dipirona, o ibuprofeno e o paracetamol são os analgésicos de maior uso no país. Eles modificam mecanismos periféricos e centrais envolvidos no desenvolvimento de dor e são indicados por tempo curto, particularmente para dores de tegumento leves e moderadas.
“Todos os analgésicos não-opioides têm igual eficácia no tratamento de dores agudas e crônicas de intensidade leve a moderada”, diz o documento. “Sua escolha tem por base a segurança, conveniência de uso e facilidade de acesso. A segurança decorrente de comparação é critério indispensável para uso desses agentes. Uma vez que nenhum fármaco é inócuo, é considerado risco aceitável aquele que pode ser previsto e, por isso, mais facilmente evitado ou controlado”.
Entre os riscos envolvidos em cada um desses medicamentos, destacam-se:
Ácido acetilsalicílico: pode induzir o aparecimento de pirose, anorexia, náusea, dispepsia (mais frequentes), sangramento, gastrite e erosões gástricas (raras), decorrentes da inibição do efeito citoprotetor gástrico das prostaglandinas.
Dipirona: pode causar anemia hemolítica, anemia aplástica, anafilaxia e graves reações cutâneas, além de broncoespasmo, náusea, vômito, sonolência, cefaleia e diaforese. Agranulocitose, reação adversa impossível de ser prevista, não dependente de dose e em potência fatal, ocorre após uso breve, prolongado ou intermitente. É uma reação rara, havendo variedade geográfica para sua incidência.
Ibuprofeno: são raríssimos os casos, mas pode ocasionar ulceração e sangramento gastrintestinais, reações que são normalmente relacionadas a tratamentos de longo prazo.
Paracetamol: quantidades excessivas do fármaco podem levar a hepatotoxicidade, que se caracteriza pelo desenvolvimento de lesões no fígado.
Já assistiu aos nossos novos vídeos no YouTube? Inscreva-se no nosso canal!
Esta post foi modificado pela última vez em 5 de agosto de 2021 12:06