“Blob”, o organismo que confunde nossos biólogos, será enviado à ISS

Ser vivo cujo nome oficial é “Physarum polycephalum” não é classificado como fungo, planta ou animal, tem uma única célula e vários núcleos
Por Rafael Arbulu, editado por Rafael Rigues 09/08/2021 12h18, atualizada em 10/08/2021 11h39
Blob, o organismo de 500 milhões de anos que confunde biólogos de todo lugar
Imagem: Wikimedia Commons/Reprodução
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Você já ouviu falar no “Blob”? Não, não o vilão dos “X-Men”, mas sim um organismo vivo que confunde nossos biólogos — e que será enviado à Estação Espacial Internacional (ISS) na próxima terça-feira (10) para estudos de seu comportamento no espaço.

Os experimentos com o Blob, conduzidos pelos astronautas da ISS, vão avaliar a resposta do organismo em dois pilares específicos: um remete ao comportamento dele diante da falta de alimento, enquanto o outro medirá suas reações quando devidamente alimentado — isso tudo em um ambiente de gravidade zero, um parâmetro pelo qual o Blob nunca passou.

É mais fácil entender o Blob com um vídeo:

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O objetivo é observar os efeitos da ausência de gravidade no organismo. “Hoje, ninguém sabe que comportamento ele terá em [situação de] microgravidade: em que direção se moverá, se tomará a terceira dimensão subindo ou se movendo obliquamente”, comentou Pierre Ferrand, professor de Ciências da Vida e da Terra no Centro Nacional de Estudos Espaciais (CNES), na França.

O interessante é que o estudo será conduzido de forma simultânea no espaço e na Terra: enquanto os astronautas conduzirão sua parte na estação, cerca de 350 mil alunos de escolas francesas reproduzir os experimentos aqui. Os processos do estudo serão os mesmos lá em cima e aqui embaixo, e as diferenças de comportamento do Blob na ISS e na Terra — cortesia da ausência e presença da gravidade, respectivamente — é que irão ditar os resultados do estudo.

A grosso modo, o Blob (cujo nome oficial é “Physarum polycephalum”) é um ser vivo unicelular, mas essa única célula é composta de vários núcleos que podem se dividir conforme necessidade. Assim como outros organismos, ele se alimenta, se move e cresce, mas sua classificação, hoje, é difícil de ser feita com exatidão. Basicamente, biólogos o entendem como um membro dos amebozoários — a classe das amebas. Mas mesmo entre elas, seu comportamento é quase exclusivo.

O Blob, porém, tem capacidades raras de serem observadas em outros seres vivos: ele consegue “dormir” caso seja privado de alimentação ou hidratação, entrando em um estado preservatório de hibernação. É nesse mesmo estado que partes dele serão enviadas ao espaço, sendo “despertadas” ao serem umidificadas na ISS.

Quatro escleródios — massas capazes de sobreviver a condições extremas — do Blob serão analisados pela ISS a 400 km de altura, em placas de Petri, ao passo em que milhares deles serão distribuídos a 4,5 mil escolas francesas.

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Jornalista formado pela Universidade Paulista, Rafael é especializado em tecnologia, cultura pop, além de cobrir a editoria de Ciências e Espaço no Olhar Digital. Em experiências passadas, começou como repórter e editor de games em diversas publicações do meio, e também já cobriu agenda de cidades, cotidiano e esportes.

Redator(a)

Rafael Rigues é redator(a) no Olhar Digital