Pesquisadores da Vanderbilt University Medical Center, no Tennessee, descobriram que pacientes de Covid-19 em recuperação e as vacinas disponíveis são capazes de induzir uma grande quantidade de anticorpos idênticos, chamados de clonótipos públicos. Ocorre que, a partir do momento que muitas pessoas produzem independentemente o mesmo tipo de reação imune, a pressão seletiva do SARS-CoV-2, por meio de mutações, é favorecida. O estudo ajuda a compreender melhor o surgimento das variantes e pode contribuir para o desenvolvimento de terapias mais eficazes contra essas variações do coronavírus.

De acordo com a Medical Xpress, as vacinas disponíveis até o momento – incluindo aquelas que usam material genético (mRNA), que codifica uma proteína viral para induzir uma resposta imune – são amplamente protetoras contra as diferentes formas do coronavírus. Ainda assim, os cientistas temem que outras variantes possam surgir, mais virulentas e transmissíveis, mesmo entre as pessoas já vacinadas, como é o caso da Delta.

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Variantes ovid-19. Imagem: shutterstock
Pesquisadores afirmam que as vacinas atuais são eficazes contra as variantes, mas a descoberta de anticorpos compartilhados entre indivíduos vacinados e pacientes em recuperação pode ampliar ainda mais as terapias contra o coranavírus e suas variações.

Segundo os cientistas, uma explicação para o surgimento de variantes consiste no fato de indivíduos sem qualquer tipo de parentesco produzirem anticorpos geneticamente semelhantes, conhecidos como clonotipos públicos. Estes clones são observados em respostas a diferentes doenças infecciosas, como a Covid-19, e são compartilhados entre indivíduos infectados e vacinados. Embora inicialmente esses anticorpos comuns ofereçam uma razoável proteção, a propriedade pode ser perdida à medida que uma pressão seletiva generalizada sobre o vírus é exercida em uma região de rearranjo do DNA.

Durante o experimento, os pesquisadores identificaram 27 clonotipos públicos que foram compartilhados por sobreviventes da Covid-19 e por pessoas não infectadas que foram vacinadas. “Ficamos surpresos ao descobrir que há tantos anticorpos compartilhados, mas isso é um bom sinal”, disse James Crowe Jr., um dos autores do estudo.

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A maioria dos clones de anticorpos observados pelo estudo se desenvolveram contra parte da superfície viral (proteína S), que se liga a um receptor específico das células dos pulmões e de outros tecidos do corpo. Acontece que a proteína S do coronavírus é variável, o que significa que ela pode facilmente sofrer mutação, de forma a tornar o vírus “virtualmente invisível” para os anticorpos circulantes. E foi exatamente isso que levou a formação de variantes como a Delta, que, por meio da seleção natural, tornou-se mais infecciosa do que a cepa original do vírus e muito mais transmissível de pessoa para pessoa.

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No decorrer do estudo, os pesquisadores também identificaram, pela primeira vez, dois clonotipos públicos que reconhecem outra parte mais conservada da proteína S – parte que se funde com a membrana celular, onde “rouba” o material genético da célula necessário para a replicação.

A descoberta desses anticorpos neutralizantes que se ligam a área mais complexa da superfície viral é importante porque essa parte da proteína tem menos probabilidade de sofrer mutação. Nesse sentido, o resultado induz caminhos para terapias mais assertivas contra a doença, já que as variantes podem ser menos propensas a escapar de medicamentos a base de anticorpos quando seu “ponto fraco” é o alvo.

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Os pesquisadores afirmam que compreender a resposta de anticorpos que é compartilhada entre indivíduos vacinados e aqueles em recuperação é um interesse contínuo, à medida que a vacinação aumenta e também com o surgimento de variantes virais preocupantes. Desse modo, novas pesquisas sobre a temática ainda devem surgir.

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