Um mistério orbital finalmente foi resolvido. Em março deste ano o 18º Esquadrão de Controle Espacial (SPCS, Space Control Squadron) da Força Espacial dos EUA reportou que um satélite chinês chamado Yunhai 1-02 tinha se despedaçado em órbita, e que 21 novos destroços haviam sido gerados com o acidente.

Na época a causa não foi informada, embora houvesse suspeita de que ele foi alvo de testes de uma arma antissatélites desenvolvida pelo governo chinês: em 2007 os EUA alegaram que a China usou mísseis balísticos para derrubar um satélite meteorológico desativado a 856 quilômetros do solo. 

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Mas segundo Jonathan McDowell, astrônomo do Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics em Cambridge, Massachusetts, a causa do acidente foi algo mais simples: uma colisão entre o satélite chinês e um pedaço de lixo espacial.

Jonathan notou uma alteração no catálogo do site Space-Track, feita neste domingo. A entrada para o objeto conhecido como “48078, 1996-051Q” agora diz: “colidiu com um satélite”. Segundo McDowell, esse tipo de comentário é novo, e nunca havia sido visto antes.

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O 48078 é um pequeno pedaço de um foguete russo Zenit-2 que em 1996 lançou ao espaço um satélite de espionagem eletrônica chamado Tselina-2. Entre 1997 e 2001 oito pedaços deste foguete foram rastreados, mas este é novo: os dados no catálogo são de 16 de março, e só há uma órbita registrada.

Uma possível explicação para a ausência de dados é que o objeto só foi identificado nos dados do site após uma colisão. Mas se isso de fato ocorreu, com quem ele colidiu? Com um pouco mais de pesquisa, McDowell determinou que o Yunhai 1-02 foi provavelmente a vítima.

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Dados mostram que o Yunhai 1-02 (número 44547 no catálogo) e o 48078 passaram a 1 km de distância um do outro, ou seja, no limite da precisão de nossos sistemas de detecção, às 4h41 do dia 18 de março (horário de Brasília). Exatamente quando o 18º SPCS reporta que o satélite chinês se despedaçou. 

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O astrônomo afirma que até agora 37 objetos resultantes da colisão foram detectados, o que a torna a maior colisão em órbita em uma década. Curiosamente, parece que parte do Yunhai 1-02 sobreviveu de alguma forma, já que ele ainda está transmitindo sinais de rádio.

Entretanto, não se sabe se ele ainda pode desempenhar a função para a qual foi desenvolvido. Quando lançado, em setembro de 2019, a CASC (China Aerospace Science and Technology Corporation), responsável por sua construção, declarou que o Yunhai 1-02 seria usado para estudo dos ambientes atmosféricos, marinhos e espaciais, bem como controle de desastres e outros experimentos científicos.

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