Busca pela vida em Marte deve considerar também as suas luas, diz estudo

Especialistas da JAXA argumentam que o tamanho de Fobos e Deimos dá a entender que sinais mais fortes de vida antiga estariam presentes
Por Rafael Arbulu, editado por André Lucena 17/08/2021 10h59, atualizada em 17/08/2021 11h30
Ilustração em 3D mostra Marte, com as luas Fobos e Deimos em evidência
Imagem: Aaron Rutten/Shutterstock
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Dois pesquisadores japoneses publicaram um paper argumentativo onde afirmam que a busca por sinais de vida antiga em Marte deve também considerar uma ou as duas luas do planeta vermelho. Segundo eles, Fobos e Deimos trazem um tamanho menor de superfície, o que pode se traduzir em uma concentração maior dos mesmos sinais buscados em Marte pelo rover Perseverance, da Nasa.

Ryuki Hyodo e Tomohiro Usui, pesquisadores a serviço da JAXA, a agência espacial japonesa, estabelecem a trajetória das pesquisas em Marte, tentando determinar rumos para as missões nos próximos cinco anos. Como você sabe, a Nasa está em Marte com os rovers Perseverance e Curiosity e o helicóptero Ingenuity. As amostras coletadas por eles farão parte de um esforço conjunto entre as agências americana e europeia (ESA).

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A busca pela vida em Marte pode considerar também as suas luas, Fobos e Deimos, segundo estudo japonês
Fobos e Deimos, as duas luas de Marte, também podem ter material remetente à vida antiga no planeta vermelho. Estudo japonês defende que ambas devem ser exploradas da mesma forma que as agências fazem com o planeta hoje. Imagem: Pavel Gabzdyl/Shutterstock

É aí que entra a JAXA: o Japão pretende alavancar seu “Projeto MMX” (sigla em inglês para “Exploração das Luas Marcianas”), que consiste de enviar sondas de análise para Fobos e Deimos e trazê-las de volta antes do fim desta década. A ideia é que os resultados dessas sondas sejam também incluídos nos esforços das outras agências.

Isso porque Fobos e Deimos contam com um tamanho menor que a da Lua da Terra. O posicionamento dos especialistas japoneses é o de que quaisquer sinais de vida em Marte também devem estar presentes em uma ou nas duas luas, porém em bem maior concentração – além de menores que a nossa Lua, Fobos e Deimos estão bem mais perto de Marte do que o nosso satélite está da Terra.

Já foi estabelecido que Marte foi atingido por vários asteroides ao longo de milhões de anos, com pedaços desses impactos enviando partes materiais pelo espaço. A ideia é que, se algum desses encontros desencadeou algum sinal de vida, pode ser que as luas de Marte, dada a proximidade, também tenham sido atingidas por esses choques – ou, no mínimo, recebeu destroços de qualquer “pancada” que Marte tenha sofrido.

Fobos e Deimos possuem um ambiente consideravelmente estéril, segundo pesquisas anteriores. Hyodo e Usui argumentam que, devido a isso, qualquer material de interesse de estudo que possa ter se manifestado ou levado até as luas pode ainda estar bem conservado, em um estado pouco ou nada alterado.

O paper é bastante especulativo, mas tem certa fundamentação. Ainda não é possível afirmar qualquer veracidade pois, fazendo sentido ou não, ainda falta a parte prática: o Projeto MMX da JAXA ainda não tem uma data de lançamento definida, com sua página oficial falando apenas em algum momento nesta década.

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Jornalista formado pela Universidade Paulista, Rafael é especializado em tecnologia, cultura pop, além de cobrir a editoria de Ciências e Espaço no Olhar Digital. Em experiências passadas, começou como repórter e editor de games em diversas publicações do meio, e também já cobriu agenda de cidades, cotidiano e esportes.

André Lucena
Ex-editor(a)

Pai de três filhos, André Lucena é o Editor-Chefe do Olhar Digital. Formado em Jornalismo e Pós-Graduado em Jornalismo Esportivo e Negócios do Esporte, ele adora jogar futebol nas horas vagas.