Dois pesquisadores japoneses publicaram um paper argumentativo onde afirmam que a busca por sinais de vida antiga em Marte deve também considerar uma ou as duas luas do planeta vermelho. Segundo eles, Fobos e Deimos trazem um tamanho menor de superfície, o que pode se traduzir em uma concentração maior dos mesmos sinais buscados em Marte pelo rover Perseverance, da Nasa.
Ryuki Hyodo e Tomohiro Usui, pesquisadores a serviço da JAXA, a agência espacial japonesa, estabelecem a trajetória das pesquisas em Marte, tentando determinar rumos para as missões nos próximos cinco anos. Como você sabe, a Nasa está em Marte com os rovers Perseverance e Curiosity e o helicóptero Ingenuity. As amostras coletadas por eles farão parte de um esforço conjunto entre as agências americana e europeia (ESA).
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É aí que entra a JAXA: o Japão pretende alavancar seu “Projeto MMX” (sigla em inglês para “Exploração das Luas Marcianas”), que consiste de enviar sondas de análise para Fobos e Deimos e trazê-las de volta antes do fim desta década. A ideia é que os resultados dessas sondas sejam também incluídos nos esforços das outras agências.
Isso porque Fobos e Deimos contam com um tamanho menor que a da Lua da Terra. O posicionamento dos especialistas japoneses é o de que quaisquer sinais de vida em Marte também devem estar presentes em uma ou nas duas luas, porém em bem maior concentração – além de menores que a nossa Lua, Fobos e Deimos estão bem mais perto de Marte do que o nosso satélite está da Terra.
Já foi estabelecido que Marte foi atingido por vários asteroides ao longo de milhões de anos, com pedaços desses impactos enviando partes materiais pelo espaço. A ideia é que, se algum desses encontros desencadeou algum sinal de vida, pode ser que as luas de Marte, dada a proximidade, também tenham sido atingidas por esses choques – ou, no mínimo, recebeu destroços de qualquer “pancada” que Marte tenha sofrido.
Fobos e Deimos possuem um ambiente consideravelmente estéril, segundo pesquisas anteriores. Hyodo e Usui argumentam que, devido a isso, qualquer material de interesse de estudo que possa ter se manifestado ou levado até as luas pode ainda estar bem conservado, em um estado pouco ou nada alterado.
O paper é bastante especulativo, mas tem certa fundamentação. Ainda não é possível afirmar qualquer veracidade pois, fazendo sentido ou não, ainda falta a parte prática: o Projeto MMX da JAXA ainda não tem uma data de lançamento definida, com sua página oficial falando apenas em algum momento nesta década.
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