Cientistas brasileiros da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, e da Universidade Nove de Julho (Uninove), em São Paulo, acreditam que estímulos elétricos não invasivos e indolores na orelha podem auxiliar no tratamento da Covid-19 em pacientes em estado grave.

O neurocientista Felipe Fregni explica que o sistema nervoso central possui grande influência no controle da inflamação, fator importante nos casos graves da Covid-19. Por isso o estímulo do sistema pode ser crucial para busca de uma resposta anti-inflamatória.

Fregni afirma que o sistema nervoso é um grande influenciador da imunidade, pois age na produção de hormônios e outras substâncias que atingem diretamente a ação de células de defesa do corpo humano.

Covid-19 pode causar trombose em pacientes
Covid-19: cientistas brasileiros estudam tratamento baseado em estímulos elétricos. Imagem: Agência Brasil

Os cientistas afirmam que o estímulo ocorrerá no nervo vago, uma estrutura do sistema nervoso. A fisioterapeuta especializada em neurologia Fernanda Ishida Corrêa, relata que o nervo em questão é estudado para o combate e tratamento de outras doenças e gera poucos efeitos colaterais.

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“Esse nervo faz a conexão com diversos órgãos e vísceras e é responsável por levar informações do cérebro para essas estruturas e vice-versa, ou seja, trazer informações do corpo para a cabeça”, explica Fregni.

O nervo é localizado em áreas de difícil acesso do corpo humano, impossibilitando a estimulação elétrica em qualquer lugar. No entanto, há um ponto da orelha que em que ele se torna superficial e pode ser acessado.

O tratamento

Até o momento, 18 pacientes internados no hospital para tratamento da Covid-19 da Uninove estão recebendo o tratamento. Eles foram separados em dois grupos para efeito de comparação, o primeiro recebe o estímulo elétrico e o segundo não.

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“Eles recebem a estimulação duas vezes ao dia, durante uma semana. Em paralelo à terapia, são feitos exames de sangue, em que medimos a presença de substâncias inflamatórias, como a interleucina 6, a interleucina 10 e a proteína C-reativa”, explica Corrêa.

Todos têm os batimentos cardíacos monitorados, assim como a frequência respiratória. Novas consultas são feitas após sete e 14 dias do fim das sessões.

A fisioterapeuta garante que os pacientes voluntários recebem o tratamento normal da Covid-19 e a estimulação elétrica funciona como um acréscimo. Corrêa afirma também que o tratamento é completamente indolor.

Os cientistas aguardam mais pacientes voluntários que se enquadrem nas especificações necessárias para pesquisa. Em breve, os resultados encontrados serão descritos para novos estudos a base do estímulo elétrico serem iniciados em outros tipos de pacientes.

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