Nasa traça plano para coleta de amostras de solo em Marte: “caçar todo tipo de pedra”

No começo de agosto, o rover Perseverance não conseguiu uma amostra de solo pois pedra cavada teria virado pó, impedindo a coleta
Por Rafael Arbulu, editado por Rafael Rigues 25/08/2021 18h27, atualizada em 26/08/2021 11h04
Ilustração mostra rover Perseverance coletando amostras na superfície de Marte
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A Nasa divulgou, por meio de uma postagem em seu blog oficial, um “plano B” para coletar amostras do solo de Marte com o rover Perseverance. Vamos falar um pouco sobre o “tecniquês” da ideia da agência espacial norte-americana, mas já adiantamos que ele se resume a “caçar todo tipo de pedra”.

No começo de agosto, o Perseverance sinalizou a coleta da primeira amostra do solo marciano. A Nasa celebrou antes da hora, porém, já que o tubo de ensaio se mostrou vazio. Após investigação remota, a agência determinou que a pedra escavada (apelidada “Roubion”) se esfarelou durante a perfuração, devido à sua suposta fragilidade.

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Imagem da perfuração feita pelo rover Perseverance, em Marte: coleta de pedra antiga resultou em falha, mas Nasa tem plano B. Imagem: NASA/JPL-Caltech/MSSS/Divulgação

Por isso, Kenneth Farley, um dos cientistas do projeto Perseverance na Caltech, disse na postagem, que “[nosso] time então mudou seu foco para ‘pedras o mais diferente possíveis’, a fim de nos ajudar a testar a ideia de que a Roubion era apenas uma pedra mal comportada”.

“Nosso primeiro alvo (…) foi uma pedra achatada de formato poligonal, como muitas que vimos ao longo do trajeto do rover”, diz trecho do texto. “Essas ‘pedras de pavimentação’ são muito importantes pois, entre outras coisas, essas áreas geológicas [onde elas são localizadas] podem conter as mais velhas rochas que podemos encontrar na cratera [Jezero, onde o Perseverance está trabalhando] — algo essencial para quando tentarmos recriar a história geológica da região”.

A missão do rover Perseverance é teoricamente simples: rodar pela Cratera Jezero em busca de sinais de vida antiga em Marte. A região já foi, há centenas de milhões de anos, uma imensa bacia hidrográfica que guardava quantidades absurdas de água, mas o afinamento da atmosfera deixou Marte cada vez mais vulnerável à radiação solar, efetivamente secando o planeta inteiro até ele adquirir a paisagem desértica que conhecemos hoje.

Ainda que “sinais de vida” seja ao mesmo tempo algo abrangente e extremamente difícil, uma análise geológica das pedras coletadas pode ajudar a Nasa a estabelecer um histórico climático, entendendo o ambiente de antigamente em Marte, e em que ponto ele mudou para o que é hoje.

Assim sendo, agora o Perseverance se dirige para uma área da cratera nomeada “Citadela”, constituída de rochas (tomara!) mais resistentes do que as sedimentações mais finas da região onde estava a Roubion.

Mais além, Farley afirma que parte do plano original era fazer o rover voltar pelo caminho de onde veio — inevitavelmente cruzando com outras amostras de pedras da Roubion, abrindo caminho para que novas tentativas de coleta sejam feitas. Antes disso, porém, o robô segue em direção ao que era o delta da bacia hidrográfica marciana, o que a Nasa acredita ser a área mais promissora para a obtenção de resultados da missão Perseverance.

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Jornalista formado pela Universidade Paulista, Rafael é especializado em tecnologia, cultura pop, além de cobrir a editoria de Ciências e Espaço no Olhar Digital. Em experiências passadas, começou como repórter e editor de games em diversas publicações do meio, e também já cobriu agenda de cidades, cotidiano e esportes.

Redator(a)

Rafael Rigues é redator(a) no Olhar Digital