Nasa paga centavos por tecnologia de mineração da Lua; entenda

Contrato entre a agência e a empresa prevê o desenvolvimento de tecnologia de mineração da superfície da Lua, em busca de água
Por Rafael Arbulu, editado por André Lucena 30/08/2021 19h58, atualizada em 30/08/2021 20h51
Lua crescente com luz cinérea
Lua crescente com luz cinérea. Foto: Marcelo Zurita
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Toda a fortuna de 10 centavos. Esse foi o valor pago pela agência espacial Nasa à startup Lunar Outpost, durante apresentação conjunta das duas instituições na edição de 2021 do Simpósio Espacial. Com esse valor incrivelmente alto e exagerado, a Nasa cumpre seu contrato com a empresa para o desenvolvimento de tecnologia de exploração da Lua.

Apesar do tom jocoso, a informação é real: em dezembro de 2020, a Nasa havia escolhido a Lunar Outpost para desenvolver uma tecnologia de separação de poeira lunar (ou “regolito”) durante a mineração de recursos no Pólo Sul da Lua, onde, acredita-se, a presença de água e gelo seja abundante.

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Foto mostra Bill Nelson, chefe da Nasa, entregando um cheque de dez centavos a Justin Cyrus, CEO da Lunar Outpost
O chefe de administração da Nasa, Bill Nelson (em pé, à direita), entregando um cheque de 10 centavos para Justin Cyrus, CEO da Lunar Outpost. Imagem: Space Symposium/Divulgação

Segundo os termos do contrato, a Lunar Outpost havia feito uma proposta simbólica de US$ 1 (R$ 5,18), do qual 10% desse valor voltaria à empresa. “Nós tínhamos termos contratuais com eles, para quando eles produzissem seu primeiro elemento. Nós lhes daríamos 10% do valor de sua proposta contratada. Estou feliz, então, de entregar esse cheque de 10% de sua proposta. Justin, aqui estão 10 centavos”, disse o chefe de administração da Nasa, Bill Nelson, a Justin Cyrus, CEO da Lunar Outpost.

Basicamente, a Lunar Outpost criou um sensor de ar que atendia à necessidade da Nasa de conter materiais potencialmente danosos ou nocivos. A poeira lunar é conhecida por ser um dos materiais mais problemáticos da exploração espacial: não só ela consegue entrar – e destruir – equipamentos inteiros (algo péssimo de se acontecer quando você está no espaço), como ela também faz muito mal aos humanos, podendo matar até 90% das células pulmonares e cerebrais expostas à ela (algo também não muito legal de acontecer em qualquer lugar, menos ainda no espaço).

Como a simples mineração do solo da Lua traria tudo junto – regolito e qualquer outro material escavado, incluindo água ou gelo -, é importante haver um sistema que faça essa separação a fim de evitar fins mais problemáticos. Foi isso que a Lunar Outpost construiu.

Agora, de acordo com Nelson, a startup baseada no Colorado “vai coletar uma pequena quantidade de poeira lunar, conferir a coleta e transferir a propriedade do regolito. Recursos espaciais têm um tremendo papel no programa Artemis da Nasa e no futuro da exploração espacial. A habilidade de extrair e usar recursos materiais vai assegurar que as operações do Artemis possam ser conduzidas de forma segura e sustentável, em nome da exploração humana”.

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Jornalista formado pela Universidade Paulista, Rafael é especializado em tecnologia, cultura pop, além de cobrir a editoria de Ciências e Espaço no Olhar Digital. Em experiências passadas, começou como repórter e editor de games em diversas publicações do meio, e também já cobriu agenda de cidades, cotidiano e esportes.

André Lucena
Ex-editor(a)

Pai de três filhos, André Lucena é o Editor-Chefe do Olhar Digital. Formado em Jornalismo e Pós-Graduado em Jornalismo Esportivo e Negócios do Esporte, ele adora jogar futebol nas horas vagas.