Apesar de recentes obstáculos nos projetos do módulo de pouso e trajes espaciais que serão usados no programa Artemis, o diretor da Nasa, Bill Nelson, está otimista que a agência conseguirá cumprir o objetivo de retornar uma tripulação humana à Lua em 2024.

“O contrato de demonstração do sistema de pouso humano (HLS, Human Landing System) foi prejudicado por atrasos e por litígios. Os trajes espaciais, que, pela primeira vez, foram construídos por nossos parceiros comerciais, foram tecnicamente desafiadores. E a COVID-19 causou interrupções sem precedentes na cadeia de suprimentos”, disse Nelson.

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“Mas lembre-se do que [o presidente John F.] Kennedy disse”, acrescentou Nelson, referindo-se ao discurso de Kennedy em 1962 na Rice University, no qual ele anunciou: “Escolhemos ir à Lua nesta década e fazer as outras coisas, não porque são fáceis, mas, porque são difíceis. “

“Podemos fazer coisas difíceis”, disse Nelson. “Somos um povo que pode fazer.”

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Bill Nelson, diretor da Nasa. Imagem: Nasa

O projeto do HLS foi entregue à SpaceX em abril passado, após uma avaliação de propostas desta, da Blue Origin e da Dynetics. Mas desde então a Blue Origin questiona a con’dução do processo de seleção: originalmente a Nasa deveria escolher duas empresas para uma segunda fase do projeto, mas escolheu apenas uma, a SpaceX.

A Nasa se defende alegando que a proposta da empresa de Elon Musk era a mais barata, e que seu orçamento não permitiria a escolha de duas empresas. Uma reclamação da Blue Origin no Escritório de Responsabilidade Governamental (GAO, na sigla em inglês) dos EUA paralisou o projeto por mais de 90 dias, até que o órgão avaliasse o mérito da questão e considerasse os argumentos da Blue Origin como “frívolos“. 

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Não contente, a Blue Origin entrou com um processo federal contra a Nasa, forçando mais uma vez a paralisação do projeto, cuja primeira parcela já foi paga à SpaceX.

Já um relatório do Escritório de Inspeção Geral (OIG) dos Estados Unidos afirma que uma missão tripulada à Lua deveria ser adiada para pelo menos 2025, uma vez que o desenvolvimento dos trajes espaciais está atrasado. O documento, divulgado no início de agosto, chamou o cronograma original de “inviável”.

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“O atual calendário da Nasa envolve a produção de dois trajes xEMUs prontos para uso em novembro de 2024, mas a agência enfrenta desafios significativos para cumprir essa meta”, diz trecho do documento de 41 páginas. “Esse calendário inclui um atraso aproximado de 20 meses na entrega do design, verificação e testes do traje, dois trajes de qualificação final, um traje para demonstração na Estação Espacial Internacional (ISS) e dois trajes de voo lunar”.

O documento segue descrevendo os desafios, mencionando “déficits de financiamento, impactos causados pela Covid-19 e problemas técnicos”, antes de finalizar o parágrafo dizendo que, “devido aos atrasos previstos no desenvolvimento dos trajes, um pouso lunar ao final de 2024, como a Nasa atualmente está planejando, é algo inviável”.

Mesmo assim, Nelson mantém seu otimismo que a NASA pode superar esses desafios e cumprir seus ambiciosos objetivos lunares.

“Nos foi dada a oportunidade de liderar os desafios que enfrentamos, como uma nação, como membros de uma sociedade global”, disse Nelson. “Para a América liderar no espaço e, por sua vez, continuar a liderar aqui na Terra, todos nós teremos que trabalhar juntos”.

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