Pesquisador do Arizona busca voluntários para identificar asteroides ativos

Menos de 30 asteroides ativos foram descobertos desde 1949, mas sua pesquisa é um campo em forte crescimento na astronomia
Rafael Arbulu31/08/2021 13h38
Ilustração feita pela Nasa do asteroide Phaeton, que se comporta como um cometa
Imagem: Nasa/Divulgação
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Colin Orion Chandler, um pesquisador da Universidade do Arizona, quer encontrar voluntários para ajudá-lo na busca por asteroides ativos no espaço. Ele, que é aluno do doutorado pela instituição, tem um objetivo nada modesto: quadruplicar o volume de identificação desses objetos nos próximos anos.

Entende-se por “asteroide ativo” o corpo celeste que tem a órbita de um asteroide, mas características visuais mais próximas de um cometa – como caudas longas. Ao contrário dos asteroides comuns, sua observação é extremamente rara – menos de 30 deles foram identificados desde 1949, quando essa ciência específica começou. Em termos proporcionais, a cada 10 mil asteroides encontrados, apenas um poderá ser considerado ativo.

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Um asteroide ativo é o tipo de corpo celeste que tem a órbita de um asteroide, mas características visuais similares às de um cometa Sua raridade indica um campo de expansão de conhecimento para a astronomia. Imagem: Marko Aliaksandr/Shutterstock

Com base nessa premissa, Chandler desenvolveu o programa “Active Asteroids”, obtendo fundos da Fundação Nacional de Ciência dos EUA (NSF), por meio de um programa que premia pesquisas de graduação, assegurando pelo menos um ano de financiamento para assegurar um volume maior de asteroides ativos identificados, dando assim mais material para que cientistas possam estudá-los e desvendar seus segredos.

“Nós esperamos aumentar em quatro vezes o número de asteroides ativos conhecidos e encorajar o estudo de uma população variada de objetos do nosso sistema solar, cujo conhecimento, hoje, é diminuído por causa de uma taxa de amostragem muito pequena”, disse Chandler.

O pesquisador do Arizona disse que encontrar mais asteroides ativos trará implicações muito positivas à ciência, tais como, ajudar a responder perguntas ainda abertas sobre quanta água foi entregue à Terra após a sua formação e de onde essa água veio; servir como embasamento teórico para a busca por vida alienígena onde a água for encontrada – no nosso sistema e em outros também; informar engenheiros de voos espaciais sobre fontes de combustível, ar e água mais limpas, baratas e práticas e, finalmente, avaliar a disponibilidade e capacidade de realizar missões de mineração de asteroides e retorno de amostras.

Chandler chegou a lançar uma versão “beta” de seu projeto, com bons números para mostrar: cerca de 200 voluntários de prontificaram a participar, resultando na identificação e classificação de 295 objetos espaciais – falta ainda determinar quais deles são asteroides ativos, mas o volume de pessoas já é bem consistente:

“Eu estou muito, muito empolgado com o fato do projeto finalmente estar sendo lançado”, ele disse. “Isso tem sido minha ocupação por anos, desde a seleção da NSF até este lançamento. Mesmo durante as preparações, nós fizemos várias descobertas importantes, incluindo um objeto ativo antes desconhecido e levantando informações sobre outros possíveis novos objetos. Essas descobertas nos levaram a publicar três estudos em jornais verificados pelos nossos pares, e um outro está em redação neste momento”.

O “um objeto” a que Chandler se refere é um “centauro”, que no campo da astronomia, é um “corpo congelado” com órbita localizada entre Júpiter e Netuno. Desde 1929, apenas 20 deles haviam sido catalogados como ativos, e a descoberta do grupo de voluntários do Active Asteroids adicionou a essa conta, publicando seus dados na Astrophysical Journal Letters.

O interessante é que os voluntários não precisam ter experiência prévia com astronomia, já que um curso de treinamento online é conduzido pela plataforma Zooniverse. As inscrições (em inglês) podem ser feitas pelo site oficial do projeto.

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Jornalista formado pela Universidade Paulista, Rafael é especializado em tecnologia, cultura pop, além de cobrir a editoria de Ciências e Espaço no Olhar Digital. Em experiências passadas, começou como repórter e editor de games em diversas publicações do meio, e também já cobriu agenda de cidades, cotidiano e esportes.