A cantora mexicana Yuri revelou durante uma entrevista ao programa Hoy da rede mexicana Televisa que foi diagnosticada com disautonomia após ter Covid-19. A condição, que é rara e aumenta os batimentos cardíacos, tem sido observada em diversos pacientes com a chamada “Covid longa”, uma forma mais extensa e duradoura da doença.
“Algumas sequelas no sistema nervoso (…) voltaram há três semanas, eu estava bastante doente. Graças a Deus consegui detectar a tempo, fui a um neurologista, dois neurologistas, que detectaram que tenho disautonomia, que não é fatal, mas é muito difícil”, contou a artista.
O que é disautonomia?
A disautonomia é uma disfunção dos nervos que afeta a frequência cardíaca, pressão arterial, digestão, transpiração etc. Em resumo, é o mau funcionamento do sistema nervoso autônomo, também chamado de SNA. Isso significa que ela afeta as funções do corpo que são automáticas, as quais não temos controle.
Quando uma pessoa tem falhas no SNA, ocorre a disautonomia, onde o paciente apresenta sintomas como tonturas, desmaios, taquicardia ou braquicardia (quando o coração funciona mais devagar), franqueza, entre outros.
A doença não é fatal, varia na gravidade e pode aparecer em qualquer idade. Ela se manifesta tanto sozinha – primária – como associada a outras doenças, como Parkinson, artrite reumatoide e, conforme observado por médicos, agora também com a Covid-19, que tem a fadiga insistente como principal sintoma.
Disautonomia e Covid longa
Segundo a BBC News, o motivo pelo desenvolvimento da chamada “Covid longa” permanece um mistério. Algumas teorias dizem que o vírus pode permanecer escondido em reservatórios do corpo distante do sistema imunológico e, assim, continuar se manifestando.
Alguns consideram que, inclusive no caso da disautonomia, a Covid longa pode ser uma resposta autoimune do corpo à infecção viral, o que explicaria os longos sintomas e outros problemas que surgem.
Para alguns cientistas da Universidade de Copenhagen, em alguns pacientes com Covid longa, o corpo poderia acabar atacando suas próprias estruturas vasculares. Já outros profissionais apostam que a Covid tem a capacidade de reativar o vírus que permaneceu latente no corpo por anos ou mesmo décadas, causando os problemas crônicos.
Disautonomia tem cura?
Infelizmente não. Porém, existe tratamentos com medicamentos, mudança de estilo de vida, dieta alimentar etc. que podem ajudar a contornar os sintomas subjacentes da doença.
A cardiologista do Hospital Monte Sinai Amy Kontorovich, especialista em disautonomia, desenvolveu um novo programa de fisioterapia conhecido como Terapia de Condicionamento Autônomo (ACT, na sigla em inglês). O tratamento se mostrou eficaz na redução dos sintomas da Covid longa, como a fadiga. O sistema foi adotado por 53 centros de fisioterapia em Nova York.
A técnica é inspirada em um outro programa de recondicionamento semelhante e trabalha com fases de exercícios, não permitindo que o paciente ultrapasse 85% de sua frequência cardíaca máxima.
“Parece programar o sistema nervoso autônomo para reconectar as coisas”, explicou a médica à BBC.
“Uma das tendências interessantes que vi em muitos dos pacientes com Covid longa que tratei é que eles eram anteriormente muito ativos e, durante o período de sua doença aguda, ficavam deitados na cama ou principalmente sedentários. Esse período de inatividade pode ser um fator que contribui para o padrão de disautonomia pós-covid, pois sabemos que isso pode acontecer com o descondicionamento.”
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No entanto, não são todos os pacientes com disautonomia que conseguem completar as atividades. Mas, pouco a pouco, os resultados têm se mostrado benéfico para eles. A especialista ressalta ainda que muitos dos pacientes com a Covid longa passa a se sentir melhor apenas com o tempo e, devido o vírus estar a pouco tempo entre nós, ainda não se sabe ao certo quanto tempo os sintomas crônicos podem durar.
Crédito imagem principal: Moonflies Photo/iStock
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