A JetPack Aviation acaba de concluir o que pode ser um marco na história da aviação: anunciaram um contrato para o seu aparelho JB12 ser fornecido para forças armadas de um país do sudeste asiático.

O comprador não foi revelado, e a entrega será em seis meses. São dois aparelhos, a um valor total de US$ 800 mil (R$ 4,2 mi).

Jetpacks já foram vendidos a indivíduos, para fins recreativos, mas, enquanto algo para uso prático, e por uma instituição, é a primeira vez registrada. Ou, dito de outra forma: a JetPack Aviation finalmente vendeu um aparelho prático, não um brinquedo.

Produção profissional

A empresa fundada em 2015 pelo entusiasta (e principal piloto de testes e demonstrações) David Mayman. Ela já pilotava jetpacks desde os anos 1990, e a aposta foi na viabilidade comercial. O primeiro modelo da empresa, o JB10, foi o primeiro jetpack a ser certificado pela FAA (Administração Federal de Aviação), a autoridade dos EUA que regula o que pode ou não voar.

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O JB12 é a versão militar do segundo modelo, o JB11. Em relação ao 10, o 11 havia trocado a dupla de jatos a querosene por três pares, de forma a criar redundância. Isso permite que o piloto pouse em segurança mesmo se alguns deles falharem.

Ao mesmo tempo, a versão 11 também conta com um melhor sistema de controle computadorizado, para tornar o aparelho mais fácil de controlar (e mais fácil de aprender a usar). O 12, em relação ao 11, é mais leve – 47,6 kg versus 52,2 kg, sem contar combustível. Ambos voam a um pouco menos que 200 km/h, a até 3 mil metros.

A empresa também é criadora de uma moto voadora ao estilo Star Wars – que está sendo testada pelas forças armadas dos EUA. Forças ocidentais já testaram vários projetos de jetpack (alguns hoje), mas a conclusão sempre tem sido que jetpacks não são um modo de transporte viável.

Por que não temos (ou tínhamos) jetpack?

O segredo do JB12 ser considerado viável pode ter a ver com ser mais leve. Isso pode ter superado uma barreira até agora vista como instransponível.

Jetpacks têm uma história bem mais longa que as pessoas imaginam. Foram inventados em 1919, pelo russo Alexander Fedorovich Andreev. Nos anos 1960, surgiram versões funcionais, baseadas em foguetes de peróxido de hidrogênio (a popular água oxigenada). Em 1965, Sean Connery voou de verdade num jetpack Bell Rocket Belt no filme 007 Contra a Chantagem Atômica (Thunderball, no original).

E jetpacks assim viraram arroz de festa. Foram vistos na abertura das olimpíadas de Los Angeles em 1984 e até no Carnaval brasileiro, como em 2010.

Mas sempre foi mais meme, mais efeito especial, que qualquer coisa prática. Porque o tempo de voo invariavelmente era extremamente limitado pela capacidade de combustível. Jetpacks “clássicos” a foguete não chegavam a um minuto de voo. Mais para pulo que voo.

A partir dos anos 1990, jetpacks a jato, usando combustível de avião, estenderam esse prazo para minutos, ao custo de maior complexidade mecânica (o que aumenta riscos de pane) e o perigo de um jato quente próximo a um corpo humano.

Ainda assim, o J11 é capaz de apenas 10 minutos de voo. No máximo: se ele não gastar combustível demais subindo ou acelerando, e dependendo do peso do usuário. Com esse tempo, a 200 km/h, seria capaz de fazer um percurso de 33 km.

Uma nova era?

Como a nova versão é consideravelmente mais leve, e como se espera preparo físico maior de militares, carregando uma mochila mais pesada, é possível que esse limite tenha sido expandido consideravelmente – mas isso a JA não revelou ainda.

Enfim, fãs de ficção científica têm o que celebrar. Um jetpack vendido para uso prático é um baita tabu quebrado. Pode significar que – agora é pra valer – a era do transporte aéreo individual finalmente chegou.

Via The Drive

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