Cientistas descobrem fóssil de animal gigante do período cambriano

Descoberta chama a atenção por ser de um período conhecido por animais de pequeno porte, menores que um dedo da mão
Rafael Arbulu08/09/2021 15h51
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Imagem: Royal Ontario Museum/Divulgação
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Um fóssil descoberto por cientistas do Museu Real de Ontário, no Canadá, desafia o entendimento que temos sobre o mundo animal do período cambriano (542 milhões e 488 milhões de anos atrás). Em uma era conhecida por criaturas pré-históricas menores que a mão humana, os especialistas desenterraram um fóssil correspondente a um animal de mais ou menos meio metro – algo inédito nas pesquisas do período.

“O tamanho desse animal é absolutamente incompreensível, esse é um dos maiores animais já encontrados do período cambriano”, disse Richard M. Ivey, curador da área de Paleontologia Invertebrada do museu.

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Fóssil do Titanokorys gainesi, animal do período cambriano que cientistas canadenses descobriram recentemente
Impressões deixadas pelo Titanokorys gainesi, animal do período cambriano que cientistas canadenses descobriram em parque nacional. Imagem: Royal Ontario Museum/Divulgação

Batizado de Titanokorys gainesi, o exemplar descoberto pertence a uma categoria de artrópodes chamada “radiodontes”, que segundo especialistas contempla os primeiros grandes predadores conhecidos. Assim como seus congêneres, o Titanokorys tinha olhos multifacetados, uma boca cheia de dentes com formato similar a uma fatia de fruta, um par de garras espinhosas abaixo de sua cabeça (que serviam para caçar e nadar) e, finalmente, uma carapaça protetora.

“O Titanokorys é parte de um subgrupo dos radiodontes chamado hurdiidae, cuja característica principal é uma cabeça bastante alongada, coberta por uma carapaça de três partes que pode tomar várias formas”, disse Joe Moysiuk, co-autor do estudo e estudante de Ph.D residente do museu. “Na verdade, a cabeça desse animal é tão longa que eles são pouco mais do que cabeças nadadoras”.

A variação de formatos das carapaças dos radiodontes ainda é uma incógnita para os cientistas, mas Ivey e Mosiuk acreditam que o Titanokorys desenvolveu uma cobertura mais achatada e reta por provavelmente ser mais adaptado para viver no fundo do oceano.

Renderização em 3D do Titanokorys gainesi
Uma ilustração em 3D feita do animal ressalta a sua carapaça e seus pequenos braços, no meio do desenho. Imagem: Royal Ontario Museum/Divulgação

“Essas criaturas enigmáticas certamente tiveram um enorme impacto no ecossistema cambriano. Seus braços são mais frontais, como se fossem um par de rodos, e parecem ser eficientes para puxar qualquer presa que capturassem para perto da boca. E a carapaça dorsal também poderia funcionar como marreta”, disse o Dr. Caron, professor associado da Universidade de Toronto e orientador do Ph.D de Moysiuk.

Esse e diversos outros fósseis foram escavados de uma região conhecida como “Burgess Shale”, dentro do Parque Nacional de Kootenay. Além do “gigante”, outro Titanokorys também foi identificado – apelidado Cambroraster falcatus, em referência ao seu formato parecido com a nave Millenium Falcon, da franquia cinematográfica Star Wars.

O estudo foi publicado no jornal Royal Society Open Science.

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Jornalista formado pela Universidade Paulista, Rafael é especializado em tecnologia, cultura pop, além de cobrir a editoria de Ciências e Espaço no Olhar Digital. Em experiências passadas, começou como repórter e editor de games em diversas publicações do meio, e também já cobriu agenda de cidades, cotidiano e esportes.