Diz o ditado que a única certeza que podemos ter é a de que um dia, todos morreremos: a iminência do fim da vida é algo que intriga (e incomoda) muita gente, mas um estudo produzido pela Escola Politécnica Federal de Lausanne (EPFL), na Suíça, afirma não apenas que podemos viver bem mais do que a estimativa média de vida, como também é possível extrapolarmos isso e viver para algo bem maior. Quão maior? Que tal “para sempre”?

Antes de tudo, é importante ressaltar que o estudo traz uma fundamentação mais teórica, e logo de início, ele afirma que as chances de você passar de certas idades consideradas “máximas” pelo entendimento humano são muito, muito remotas. Entretanto, o material publicado e revisado pelos pares no jornal Royal Society Open Science analisou informações sobre os “supercentenários” – pessoas que passaram de um século de vida e ainda seguem (não tão) firmes, porém lúcidos e relativamente saudáveis. E as conclusões são no mínimo interessantes.

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“Depois da idade de 110 anos, uma pessoa pode enxergar a probabilidade de viver mais um ano como as mesmas chances de tirar ‘cara ou coroa’ na moeda”, disse Anthony Davison, professor de estatística da EPFL e líder do paper. “Se sair ‘cara’, então você vai durar até o próximo aniversário. Se der ‘coroa’, então você morrerá em algum momento entre hoje e o próximo ano”.

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A premissa é a de que, embora o risco de morte cresça exponencialmente conforme avançamos em idade, depois de um certo “pico”, ele se estabiliza em 50% para cada lado – viver ou morrer.

“Baseado nos dados disponíveis hoje”, disse Davidson à AFP, “é aceitável que humanos possam viver até pelo menos os 130 anos, mas ao extrapolarmos essas percepções, fica implícito que não há necessariamente um limite para a expectativa de vida humana. O nosso estudo reforça essas conclusões, tornando-as mais precisas já que, hoje, temos muito mais informação de prontidão”.

Para conduzir esse estudo, Davidson e equipe analisaram pesquisas antigas do assunto. A primeira foi uma base de dados recente, a “International Database on Longevity” (“Base de dados Internacional da Longevidade”, na tradução literal) – uma pesquisa que cobriu mais de 1100 supercentenários em 13 países. A segunda pesquisa foi um catálogo feito na Itália, marcando todas as pessoas do país que tenham atingido a idade de 105 anos entre janeiro de 2009 e dezembro de 2015.

Extrapolar esses dados combinados pode parecer estranho para quem não é familiarizado com o método científico, mas Davidson afirma que isso já é de se esperar em pesquisas do tipo: “qualquer estudo voltado à velhice extrema vai extrapolar os dados – seja ele estatístico ou biológico”, ele disse. “E nós conseguimos mostrar que, se houvesse um limite inferior a 130 anos, nós já o teríamos descoberto hoje, com base em todas as informações disponíveis.

Apesar do número exato do estudo, vale lembrar que nós ainda não o atingimos na realidade: segundo o livro de recordes mundiais Guinness, a pessoa mais velha oficialmente registrada – uma mulher chamada Jeanne Calment – morreu na França com 122 anos e 164 dias de vida. Atualmente, a pessoa mais velha do mundo, também segundo o Guinness, é a japonesa Kane Tanaka, com saudáveis 118 anos e 270 dias.

Essa discrepância também é explicada por Davidson: “é importante ressaltar que todos esses estudos – incluindo o nosso – começam com uma idade mínima em pessoas que já passaram dos 105 anos. Isso já é uma amostra bastante restritiva. E mesmo que você chegue aos 110 anos, suas chances de – nessa idade – sobreviver até os 130 é de uma em um milhão. Não é impossível, mas é bastante improvável”.

Contudo, Davidson reconhece que, com o passar dos anos, as pessoas vão se tornando mais e mais longevas, então ele estima que, ainda dentro do século XXI, há uma boa possibilidade de que esse “um” em meio a esse “um milhão” apareça. “Mas sem o avanço significativo dos campos sociais e médicos, idades tão avançadas ainda são bastante improváveis”, ele concluiu.

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