Uma pesquisa publicada na revista Monthly Notices of the Royal Astronomical Society na última semana traz mais evidências sobre um sistema solar excêntrico empoleirado no nariz da constelação de Órion, que já vem sendo estudado há alguns anos.

Segundo essa nova abordagem, o sistema estelar pode conter o tipo mais raro de planeta já visto no universo: um único mundo orbitando três sóis simultaneamente.

Os três anéis de poeira de GW Orionis, um sistema solar de estrela tripla na constelação de Orion. O anel interno instável pode conter um planeta jovem. Imagem: ALMA (ESO / NAOJ / NRAO), S. Kraus & J. Bi; NRAO / AUI / NSF, S. Dagnello

Conhecido como GW Orionis (ou GW Ori), esse sistema solar está localizado a cerca de 1,3 mil anos-luz da Terra e é composto por três anéis laranja de poeira aninhados um dentro do outro, cuja imagem se assemelha a uma mosca gigante no céu. No centro da mosca vivem três estrelas – um par travado em uma órbita binária fechada uma com a outra, e uma terceira girando amplamente em torno das outras duas.

Sistemas de estrelas triplas são raros no cosmos, mas GW Ori é considerado ainda mais estranho quanto mais os astrônomos o observam. 

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Pesquisadores utilizaram simulações 3D para entender a origem desse planeta

Em um artigo publicado no The Astrophysical Journal Letters no ano passado, pesquisadores analisaram de perto o GW Ori com o telescópio Atacama Large Millimeter / Submillimeter Array (ALMA) no Chile, e descobriram que os três anéis de poeira do sistema estão realmente desalinhados entre si, com o anel mais interno balançando descontroladamente em sua órbita.

Na visão da equipe, um planeta jovem, ou a formação de um, poderia estar desequilibrando o equilíbrio gravitacional do intrincado arranjo de anel triplo de GW Ori. Se a detecção for confirmada, seria o primeiro planeta de sol triplo (ou planeta “circuntrípio”) no universo conhecido. 

No estudo de agora, conduzido por uma equipe da Universidade de Nevada, em Las Vegas, EUA, novos indícios da existência desse planeta raro foram descobertos. Os autores realizaram simulações 3D para modelar como as lacunas misteriosas nos anéis do sistema estelar poderiam ter se formado, com base em observações de outros anéis de poeira (ou “discos protoplanetários”) em outras partes do universo.

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A equipe testou duas hipóteses: ou a quebra nos anéis de GW Ori ocorreu a partir do torque aplicado pelas três estrelas giratórias no centro do sistema, ou quando um planeta se formou dentro de um dos anéis.

Eles concluíram que não há turbulência suficiente nos anéis para que a teoria do torque estelar funcione. Em vez disso, os modelos sugerem que a presença de um enorme planeta do tamanho de Júpiter – ou talvez de vários planetas – seja a explicação mais provável para o estranho formato e comportamento dos anéis.

Se as observações futuras do sistema apoiarem essa teoria, GW Ori pode ser “a primeira evidência de um planeta circunscrito abrindo uma lacuna em tempo real”, de acordo com o que o autor principal do estudo, Jeremy Smallwood, declarou em entrevista ao ao The New York Times. “Se confirmada, a mera existência desse mundo provaria que os planetas podem se formar sob uma gama mais ampla de condições do que a ciência imaginava”.

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